Cinco cidades de Pernambuco têm risco de surto de dengue

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 12/11/2010 às 1:02

De acordo com o resultado parcial do Levantamento de índice rápido de infestação por Aedes aegypti (LIRAa) 2010, que é uma avaliação nacional das informações sobre infestação por larvas do Aedes aegypti (mosquito transmissor da dengue), 15 municípios estão em risco de surto da doença no Brasil, incluindo duas capitais. São 11 no Nordeste, três no Norte e um no Sudeste.

Isso significa que, nessas cidades, mais de 3,9% dos imóveis pesquisados apresentam larvas do Aedes aegypti. Outros 123 municípios, dos quais 11 capitais (como o Recife), estão em situação de alerta. Neles, entre 1% e 3,9% dos imóveis analisados registram infestação. E 162 cidades apresentam índice satisfatório, abaixo de 1%. O LIRAa 2010 foi apresentado ontem (11/11) pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. A metodologia permite identificar onde estão concentrados os focos do mosquito em cada município.

Em Pernambuco, dos 28 municípios que enviaram informações do levantamento para o Ministério da Saúde (MS) até o momento, cinco estão em risco de surto de dengue. São eles: Afogados da Ingazeira, Bezerros, Camaragibe, Floresta e Serra Talhada. Outros 17 estão em situação de alerta e seis têm índices satisfatórios.

A divulgação do LIRAa 2010 acontece paralelamente ao lançamento da Campanha nacional de combate à dengue (leia mais abaixo) para reforçar o alerta que vem sendo feito pelo do MS desde setembro. Neste ano, a campanha aumentará o tom de alerta, com o testemunho de pessoas que tiveram dengue e que falam sobre as demais que morreram por causa da doença.

"Embora o grau de conhecimento das pessoas sobre a doença e a prevenção seja alto, em torno de 96%, o brasileiro sabe que tem papel fundamental na eliminação dos focos do mosquito, o que ainda é um desafio no Brasil. Prova disso é o resultado do LIRAa deste ano", alerta o ministro da Saúde José Gomes Temporão. "Nessa lógica, ganham força duas mensagens fundamentais: que os governos e os cidadãos devem fazer, juntos, a sua parte e que a eliminação de criadouros deve ser algo rotineiro".

Neste ano, 425 cidades estavam programadas para participar do LIRAa. Desse total, 300 já enviaram as informações ao MS até o momento. Em outras 118 cidades, o estudo está em andamento – e sete inicialmente previstas decidiram não realizar o levantamento.

NÚMEROS

Até 16 de outubro deste ano, foram notificados 936.260 casos de dengue clássica no Brasil. Desses, 14.342 foram classificados como graves. O número de mortes foi de 592. No mesmo período de 2009, foram 489.819 notificações, com 8.714 casos graves e 312 óbitos.

Como se sabe, a manutenção de condições precárias de saneamento básico e a irregularidade da coleta de lixo em muitos municípios brasileiros impedem a redução dos índices de infestação pelo mosquito Aedes aegypti . "A falta de abastecimento de água obriga as pessoas a armazenarem em caixas d’água, tonéis e latões sem a devida proteção. O lixo acumulado também abastece o ambiente, de forma permanente, com vários criadouros ideais para a fêmea do mosquito colocar seus ovos", explica o coordenador do Programa nacional de controle da dengue, Giovanini Coelho.

CAMPANHA

A Campanha nacional de combate à dengue de 2010 traz um novo olhar sobre a forma de lidar com a doença, com a qual o Brasil convive há 24 anos. Uma mensagem mais direta à população sobre a gravidade da dengue e sobre a necessidade de cada brasileiro eliminar criadouros do mosquito direciona as peças publicitárias impressas, na TV e no rádio.

A renovação de conceito e de estratégia partiu de uma pesquisa de opinião que revelou uma resistência das pessoas em mudar o comportamento, embora 96% saibam quais os sintomas da dengue e como fazer para combater o mosquito transmissor. A mensagem de 2009 (Brasil unido contra a dengue), foi substituída por outra, que reforça a responsabilidade do cidadão: Dengue: se você agir, podemos evitar.

A ideia é sensibilizar a sociedade de uma maneira assertiva. "É uma comunicação olho no olho. Percebemos que falar com todo mundo pode significar não falar com ninguém. Por isso, escolhemos utilizar o ‘você’, para mostrar as consequências das atitudes de cada cidadão", afirma o diretor da agência Agnelo Brasília, Gui Pacheco, também diretor de criação da campanha.

"Cada vez mais, precisamos difundir a idéia de que dengue não é um problema só da saúde e nem só dos governos. Se a comunidade não se envolver e se não houver a articulação com outros setores, continuaremos enfrentando aumento de casos e de mortes por dengue no Brasil", afirma o ministro José Gomes Temporão.

Os filmes de prevenção da campanha trabalham na linha de depoimentos. "Histórias que poderiam acontecer com qualquer um sensibilizam mais", comenta Gui. Já as peças de TV e rádio terão depoimentos de pessoas que enfrentaram a doença e quase perderam familiares, além de declarações de líderes comunitários sobre a importância de cobrar também a ação dos gestores da saúde e de outros setores, como meio ambiente, saneamento básico e limpeza urbana. A campanha terá ainda materiais específicos para educadores, crianças e gestores e profissionais de saúde.

Acesse para saber mais: www.combatadengue.com.br.

* Com informações da Agência Saúde e da Máquina Comunicação Corporativa Integrada