Pesquisa comprova desconhecimento em relação à pneumonia

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 07/11/2010 às 12:31

Preocupada com a falta de informação da população em relação à saúde respiratória, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) encomendou ao instituto Datafolha uma pesquisa inédita no País. Denominado Saúde respiratória e do pulmão, o estudo comprova o desconhecimento de males importantes, como a pneumonia, que é a principal causa de morte por doença infecciosa no mundo. Foram entrevistados 2.242 brasileiros com 16 anos ou mais, de 143 municípios, de todas as classes socioeconômicas.

O resultado do levantamento mostra que a população não só desconhece a pneumonia, como também não conhece os sintomas, as formas de prevenção, os agravantes ou o médico que deve se procurado em casos de suspeita. "O principal fator responsável pela piora da pneumonia é o atraso do início do tratamento. A demora em procurar o médico, a automedicação ou a realização de exames inadequados levam a quadros mais graves e até mesmo à morte", alerta a médica Jussara Fiterman, presidente da SBPT.

Dos 2.147 entrevistados que afirmaram conhecer a pneumonia, 6% não souberam citar um único fator que pode aumentar o risco de uma pessoa adquirir ou agravar a doença. Dos demais, 67% citaram clima frio ou úmido, 46% fumaça de cigarro, 42% ar-condicionado/ventilador, 37% pó/poeira, 36% poluição, 9% hereditariedade, 6% sedentarismo e 2% consequência de gripe mal curada.

"O que causa a pneumonia é a infecção por vírus ou bactéria, que originam as pneumonias viral e bacteriana. Ambas as versões são agravadas basicamente pelo atraso no início do tratamento, pois a maioria dos casos responderia muito bem aos medicamentos", diz Jussara.

Se o antibiótico correto não for dado nas primeiras seis horas do início dos sintomas plenos, a mortalidade aumenta em 20%. Por esse motivo, reconhecer os sintomas e procurar o médico pode ser determinante no sucesso do tratamento. No entanto, 23% dos entrevistados que afirmam conhecer a doença não souberam citar um único sintoma.

Os sinais mais citados pelos demais foram dores no peito, pulmões, tórax e nas costas (37%), calafrios (35%), tosse seca contínua (31%), falta de ar (23%) e indisposição (19%). Numa situação hipotética, suspeitando da pneumonia, 40% não saberiam a que médico recorrer. Entre os demais, 33% iriam a um clínico geral, 25% ao pneumologista, 1% ao infectologista, 1% ao ‘especialista em pulmão’ e 1% ao otorrinolaringologista.

Nesse contexto, vale informar que o pneumologista é especialista em saúde respiratória. Doenças que afetam todo o sistema respiratório, que vai do nariz aos pulmões, são de sua alçada. Assim, os pacientes que se enquadram nessa situação devem ser encaminhados para a avaliação desse médico.

E a desinformação não para por aí. O diagnóstico da doença também é mistério para grande parte da população. Além do exame clínico realizado pelo médico em consultório, o raio-X é suficiente para diagnosticar a doença e iniciar o tratamento medicamentoso. São exames rápidos e simples. Apenas 29% apontaram a escuta do pulmão e pouco mais da metade (58%) optaria pela radiografia.

Todas essas respostas foram dadas depois de visualizar uma lista de diversos exames utilizados pela pneumologia para os diversos males do sistema respiratório. Foram citados equivocadamente tomografia (26%), teste do escarro/baciloscopia (15%), broncoscopia (8%), teste do sopro/espirometria (6%) e teste subcutâneo de Mantoux (2%). E 18% não souberam citar um único exame.

Gripe mal curada?

Para 2% dos entrevistados, a pneumonia é resultado de uma gripe mal curada. "Não existe gripe mal curada. Existe, sim, um individuo fragilizado por uma gripe, com resistência baixa, mais suscetível a diversas doenças como a pneumonia. Afinal, a gripe diminui as defesas do organismo, inclusive do aparelho respiratório", explica Jussara.

Com isso, as bactérias chegam com mais facilidade e se instalam, fazendo uma doença subsequente. "A gripe é autolimitada e vai se curar sozinha. Mas nessa trajetória, deixará as barreiras abertas para a bactéria entrar. O sistema imunológico, por sua vez, não presta atenção na bactéria porque está ocupado com o vírus", acrescenta a pneumologista.

O mesmo aconteceu recentemente com a gripe H1N1. Muitas das vítimas dessa gripe tiveram suas mortes causadas por pneumonia bacteriana. Essa infecção secundária se instalou durante o curso da gripe, foi agravada e acabou levando o paciente à morte durante o combate ao vírus H1N1.

Diante desse cenário, é fundamental informar que, no Brasil, a pneumonia é a principal razão de internação hospitalar no Sistema Único de Saúde (SUS), excluídas questões relacionadas à gestação, totalizando 900 mil casos por ano. Segundo Datasus (out/2010), em 2009, foram registradas 45.500 mortes no país, sendo mais de 70% delas em indivíduos com mais de 60 anos.

* Com informações da Acontece Comunicação e Notícias