Menopausa mapeada

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 17/10/2010 às 19:07

Você conhece o perfil da mulher na transição para a menopausa e na pós-menopausa? Acha que sim, mas não tem certeza? A resposta está num estudo conduzido pela divisão clínica ginecológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP), com apoio da Bayer Schering Pharma. A pesquisa, intitulada Dados demográficos, epidemiológicos e clínicos de mulheres brasileiras climatéricas, mostrou que a maioria das mulheres na menopausa apresenta sintomas relacionados ao desequilíbrio hormonal (hipoestrogenismo) capazes de afestar a qualidade de vida. São esses sinais: fogachos ou ondas de calor de grau leve a acentuado, apresentados por 67% das participantes. Ou seja, duas em cada três mulheres.

Outros percentuais demonstram que 68,13% possuíam sobrepeso ou obesidade e 81,5% tinham algum antecedente de saúde declarado no primeiro atendimento médico, como hipertensão arterial (44,94%), diabete (10,01%), tabagismo (8,39%), hiper ou hipotireoidismo (7,07%) e neoplasias/tumores malignos (6,41%), além de outras patologias com menor intensidade.

Segundo a coordenadora do estudo, a médica Angela Maggio da Fonseca, professora da FMUSP, o estudo é uma forma de os médicos conhecerem a fisiologia desse período da mulher e, dessa maneira, possibilitar a escolha de um tratamento adequado, o que pode melhorar a qualidade de vida da população do sexo feminino dessa faixa etária.

A pesquisa também observou que a idade da mulher na época em que ocorre a menopausa tem influência significativa sobre os sintomas e as doenças correlacionadas. Segundo o levantamento, cerca de 28% das 1.585 participantes que tiveram a menopausa entre 41 e 45 anos relataram ter fogachos e/ou ondas de calor de grau leve a acentuado. E aproximadamente 19% das 202 mulheres que entraram na menopausa depois dos 55 anos alegaram ter esses mesmos sintomas.

Eis a leitura que podemos fazer desses dados: quanto mais precoce a idade que a menopausa aparece, maior a possibilidade de a paciente apresentar os sinais, que diminuem significativamente conforme se aumenta o tempo de menopausa.

O estudo do HC/FMUSP, com apoio da Bayer Schering Pharma, é considerado um dos mais amplos já realizados sobre o tema com a população brasileira. Além disso, o levantamento envolveu cerca de 6 mil mulheres numa investigação de 11 anos de duração (entre 1983 e 2004), realizada no Setor de Climatério do Hospital das Clínicas da USP.

Quando vem a menopausa?

A idade da ocorrência da menopausa está geneticamente programada para cada mulher, mas é também influenciada por outros fatores relevantes como etnia, tabagismo, altitude, fatores socioeconômicos, contraceptivos hormonais e nutrição. Os resultados do estudo da HC/FMUSP, coincidindo com trabalhos realizados anteriormente, demonstram que a média etária de ocorrência da menopausa no Brasil é de 48,1 anos.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o aumento da expectativa de vida da população total, aumentam-se os anos em que as mulheres passam a conviver com a menopausa. Por isso, um acompanhamento médico é fundamental para essa população feminina. Somente um especialista supercapacitado pode tratar os diversos sintomas da queda dos níveis hormonais, como o estrógeno.

* Com informações da Burson-Marsteller