Palestra na Jaqueira orienta sobre bullying e emoções

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 14/08/2010 às 1:00

Como de rotina, estava fuçando os sites de pesquisa que tenho como preferidos, o que inclui não só as páginas das revistas científicas, como também os espaços em que os médicos falam com muita propriedade sobre saúde. Nessa varredura, acessei um dos blogs do urologista Carlos Bayma e vi que ele ministrará uma palestra sobre bullying escolar nesta quarta-feira (18/08), às 18h30, na Livraria Jaqueira.

Por saber que o bullying se transformou infelizmente num ato comum caracterizado por uma série de atos violentos, resolvi ligar para Dr. Carlos Bayma com o intuito de saber mais sobre a palestra e divulgá-la aqui no Casa Saudável. O que seria só uma conversa sobre o bate-papo dele nesta quarta se transformou numa verdadeira lição sobre as nossas emoções - um assunto de que trato no intertítulo deste post sobre aspectos psicossociais.

Pois bem, Dr. Bayma me disse que o diferencial da sua palestra será o foco que será dado ao agressor. "Todos falam sobre as vítimas do bullying, que sofrem bastante com essa prática, mas é bom destacar que a criança e o adolescente que o praticam tem chances maiores de ter transtornos da personalidade no futuro. Isso não significa que todos os praticantes terão problemas dessa natureza daqui a uns anos", explica o médico.

Só para exemplificar, ele diz que já sofreu o bullying e que também já o praticou. "Trata-se de um hábito comum nas escolas, mas que também acontece na internet, que é o chamado cyberbullying", diz Bayma, que acrescenta: "Na minha palestra, também vou relatar que as ameaças e os atos violentos podem ser diferentes de acordo com o sexo".

Ele menciona que as meninas, por exemplo, quando querem agredir algum colega, preferem humilhá-lo ou criar fofocas sobre ele. Já os meninos partem mais para a agressão física. "Mas isso não é regra; há excessões. Há meninas que gostam de brigas e meninos que fazem uso das ofensas de caráter emocional."

O médico também frisa que as vítimas tendem a ter autoestima baixa e uma estrutura familiar que não oferece um bom suporte psíquico. "Quem geralmente se enquadra nesse perfil tem mais facilidade para cair nas armadilhas criadas pelo bullying", avisa o especialista.

Para que você saiba mais sobre bullying, sugiro a leitura destes três livros que já li e acho que trazem informações ricas sobre o tema.

1) Bullying: mentes perigosas nas escolas, de Ana Beatriz Barbosa Silva (Editora Objetiva, 189 páginas, R$ 33,90)

2) Bullying: vamos mudar de atitude!, de Jefferson Galdino (Editora Noovha América, 48 páginas, R$ 28)

3) Bullying: vamos sair dessa?, de Miriam Portela (Editora Noovha América, 48 páginas, R$ 42)

O primeiro é uma publicação da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, que mostra como o bullying é um tipo de agressão intencional, que ridiculariza e humilha as vítimas. Além disso, é uma prática que pode abrir quadros graves de transtornos psíquicos e/ou comportamentais que geralmente trazem prejuízos irreversíveis.

E ela apresenta problemas comuns decorrentes do bullying. Entre eles, estão sintomas psicossomáticos (dor de cabeça, cansaço crônico, insônia, dificuldades de concentração, entre outros sinais), transtorno do pânico, fobia escolar e timidez patológica, além de transtorno de ansiedade generalizada, que é a sensação de medo e insegurança persistente.

Sobre os agressores, Ana Beatriz é enfática: "Possuem em sua personalidade traços de desrespeito e maldade e, na maioria das vezes, essas características estão associadas a um perigoso poder de liderança". Outro trecho importante do livro mostra famosos que vivenciaram esse tipo de violência e deram a volta por cima. Entre eles, Kate Winslet, David Beckham e Bill Clinton.

Já os dois outros livros, da Editora Noovha América, misturam diversas histórias e mostram que esse comportamento não é exclusivo de nenhuma classe social. Enquanto a obra de Ana Beatriz é direcionada aos pais, psicólogos e psiquiatras, as publicações de Jefferson Galdino e de Miriam Portela são destinadas a crianças e a adolescentes, respectivamente.

ASPECTOS PSICOSSOCIAIS

Quando começou a falar sobre a importância do amor-próprio nas relações, Carlos Bayma enveredou pelo universo das emoções enquanto conversávamos. "Existem comportamentos e sentimentos, como angústia e ansidedade, que deixam a gente mais suscetível a desenvolver alguns tipos de doença", diz o médico, que continua: "É por isso que nem sempre dou muito crédito apenas à genética".

Diante desse depoimento, ele quis dizer que há casos em que os nossos genes (sejam eles do mau ou do bem) precisam de estímulo ambiental para aparecer. Quer um exemplo? Nem sempre um pai com depressão terá um filho depressivo. Mas se o garoto passa a vivenciar com frequência os estados de tristeza do pai tem chances maiores de se tornar depressivo por uma mera influência do ambiente em que vive.

Por falar em melancolia, quem é que nunca a experimentou? Eu já, claro. E Dr. Carlos Bayma também. "Quando cheguei aos 40 anos, achei que estava envelhecendo muito rápido. Foi difícil vivenciar isso. Mas quando aceitei, até me senti melhor do que na época da juventude", conta o médico, que se sente bem mais forte e disposto hoje. "Entendi que o envelhecimento é um processo natural, o que me estimulou a criar o Projeto CPM 40, disponível também na internet."

A sigla significa Conhecer para mudar. E o 40? "É que, no começo, eu achei que o blog seria para as pessoas com 40 anos ou mais, que acham que estão ficando velhas. Seria uma forma de mostrar que os 40 anos são só um começo", relata. "Mas depois vi que pessoas de várias faixas etárias já estavam participando desse espaço", finaliza Bayma, que cuida do seu blog com muito empenho e carinho para que a gente fique por dentro do impacto que as emoções causam na nossa saúde.