HPV assusta, mas tem tratamento e nem sempre leva ao câncer

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 02/08/2010 às 23:40

De fato, o número apavora: a cada dois minutos, uma mulher morre por causa do câncer do colo do útero no mundo. E segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o número de casos novos desse tumor esperado para o Brasil, neste ano, será de 18.430, com um risco estimado de 18 casos a cada 100 mil mulheres. A questão é que o câncer do colo do útero está altamente relacionado ao papilomavírus humano (HPV), um vírus que tem como principal meio de transmissão o contato sexual com pessoas infectadas. É por isso que as mulheres que possuem o HPV, ao receberem o diagnóstico, tomam um verdadeiro susto num primeiro momento.

Detalhes sobre esse impacto psicológico acaba de ser mostrado num estudo inédito realizado recentemente com as pacientes do Ambulatório de Colposcopia da Santa Casa de São Paulo. De acordo com o levantamento, entre os sentimentos que surgem quando a mulher sabe que é portadora de HPV, estão a preocupação (69%), o medo (66%), a raiva (31%), a tristeza (28%), a vergonha (24%), a culpa (17%), a surpresa (14%), a impotência (7%) e a indiferença (3%).

A pesquisa ainda revela que apenas 49% das mulheres disseram que passaram a usar preservativos em todas as relações sexuais após o diagnóstico. Desse universo, 21% relataram presença de conflito com o parceiro, pois correlacionaram a doença com infidelidade. Além disso, 10% deleas romperam seus relacionamentos afetivos por causa desse conflito.

“Como o HPV é uma doença de transmissão sexual, a questão da fidelidade aflora, tornando-se imprescindíveis o diálogo e o questionamento da relação do casal”, explica a coordenadora do estudo, Adriana Campaner, que é chefe do Ambulatório de Colposcopia da Santa Casa de São Paulo.

Diante desse cenário, a prevenção é primordial. Ela pode ser feita através do uso de preservativos, vacinação e exames regulares, como o Papanicolau. Também se faz extremamente necessária a consulta ginecológica de rotina. De qualquer maneira, é importante informar que o uso da camisinha e a vacinação não livram a mulher totalmente do contágio, já que existem vários tipos de HPV - e nem todos são cobertos pela vacina.

E mais: o HPV assusta, mas tem tratamento. Acalma saber que as lesões causadas no útero pelo HPV podem ser diagnosticadas graças aos exames periódicos, feitos pelo ginecologista, e tratadas precocemente antes de levarem ao desenvolvimento do câncer. Mesmo assim, não vale bobear diante da prevenção.

Várias clínicas de vacinação, inclusive no Recife, oferecem a vacina quadrivalente contra o HPV, que evita o desenvolvimento das verrugas genitais porque previne o contágio por quatro tipos do papilomavírus humano (6, 11, 16 e 18). Atualmente é indicada, no Brasil, para meninas e mulheres de 9 a 26 anos, para a prevenção de câncer de colo do útero, de vulva e de vagina causados pelo HPV tipos 16 e 18, das verrugas genitais provocadas pelo HPV tipos 6 e 11 e das lesões pré-cancerosas ou displásicas causadas pelo HPV tipos 6, 11, 16 e 18. Por sinal, o HPV 16 e o HPV 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero.

Quem quiser se vacinar deve conversar com um ginecologista, capaz de passar várias informações sobre a saúde da mulher. Ah, a Bayer Schering Pharma tem site que traz uma seção bem legal sobre HPV. Recomendo a leitura!