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Santa Cruz recebe sócios e ideias para modernizar estatuto e fazer clube 'renascer'

Diego Borges
Diego Borges
Publicado em 19/10/2019 às 17:41
Presidente do Conselho Deliberativo, Alírio Moraes, conduziu a mesa. Foto: Diego Borges / JC Esportes.
Presidente do Conselho Deliberativo, Alírio Moraes, conduziu a mesa. Foto: Diego Borges / JC Esportes.

Em 3 de fevereiro de 1914, onze garotos se reuniram para fundar um espaço no futebol que pudesse receber pessoas de diferentes etnias, credos e classes sociais. Muitas delas, renegadas em outros ambientes elitistas já existentes voltados para a prática esportiva que à época dava os seus primeiros passos no Brasil. Em 19 de outubro de 2019, cerca de cem pessoas se reuniram já em outro endereço, para opinar e debater pontos fundamentais para que aquele espaço se adeque ao cenário econômico que se desenha do esporte que se tornou o mais praticado no país, a fim de zelar pela sua perpetuação e o empoderamento de todo e qualquer torcedor ou torcedora.

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Há 105 anos, foi assim que surgiu a instituição associativa Santa Cruz Futebol Clube. Neste sábado, salvos os devidos contextos históricos, pode-se dizer que da mesma maneira ele renasceu. A cada depoimento proferido na audiência pública convocada pelo Conselho Deliberativo, a cada minuto de palavra no microfone aberto com inscrição prévia, fossem eles convergentes ou divergentes, situação ou oposição, o clube cresceu. Pessoas de diferentes pontos de vistas, credos, classes sociais tiveram suas vozes ouvidas, ponderadas e levadas em consideração. Na busca pela construção de um novo estatuto, o Santa Cruz reencontrou a sua essência.

A reunião cumpriu o intuito da apresentação do novo modelo de estatuto, desenvolvido há um ano pela Comissão de Reforma Estatutária, então presidida pelo conselheiro Mário Godoy, com apoio de outros quatro membros.  dirigida pelo presidente do Conselho Deliberativo, Alírio Moraes, o presidente da Comissão Patrimonial, João Caixero, e os secretários do Deliberativo, Diogo Melo e Paulo Roberto Borba, além de Mário Godoy e Marino Abreu, também membro da Comissão da Reforma do Estatuto.

No primeiro momento, Godoy exibiu as ideias já apresentadas no último dia 30 de setembro, agora incorporando os pontos propostos pelos movimentos Intervenção Popular Coral - IPC, que tem como representante o associado Jhonny Guimarães, e Pró-Santa, encabeçado pelo ex-dirigente e candidato ao cargo de executivo na última eleição, Albertino dos Anjos.

INTERVENÇÃO POPULAR CORAL

“Uma oportunidade para o torcedor mostrar ao clube que de fato ele é soberano no Santa Cruz. A gente lutou muito para ser ouvido pelas lideranças do clube neste dia. (A reforma) era algo que deveria ter encerrado no último dia 30 de setembro, mas a gente brigou muito para ter esse momento de hoje. Importante para deixar claro que qualquer decisão que o Santa Cruz tome, ele precisa incluir a torcida no processo”, apontou Jhonny Guimarães.

MOVIMENTO PRÓ-SANTA

“O Santa Cruz tem um estatuto bem antigo e viciado, que não promove a modernização e a profissionalização do clube. Pode ser um dia histórico. Viemos aqui (na reunião) para referendar os nossos pontos e fazer com que eles se tornem reais dentro do estatuto, que o clube possa se profissionalizar”, acrescentou Albertino dos Anjos.

Uma vez exibidas sob a atenção e o respeito de cada um dos participantes, ainda que contrários em um ponto ou outro, abriu-se espaço para os principais grupos propositores de ideias e opiniões, além dos sócios e suas mais distintas categorias se posicionarem. Jhonny e Albertino foram os primeiros a exercer o direito de voz, levantando uma discussão sobre o tempo destinado a um ou outro em um primeiro momento. Porém todos os demais tricolores que inscreveram o nome de forma prévia foram devidamente atendidos. Ideias foram acatadas e/ou rejeitadas, sempre com as vozes respeitadas.

Aos poucos - como de costume na história do Santa Cruz -, os pormenores da cerimônia, inclusive a de tempo de explanação, foram se dissolvendo nos depoimentos e o que era audiência se tornou uma grande conversa ordenada, um brainstorm pintado em preto, branco e vermelho. Entre questionamentos e opiniões, a maioria dos torcedores deixou de lado suas diferenças e contribuiu com suas vivências particulares, fossem elas de gestão - atuais e passadas - ou de arquibancada.

“A gente teve um debate maduro e de alto nível. A reunião foi muito boa e eu fiquei muito contente com a quantidade de pessoas que veio. É a democratização e o Santa Cruz é isso. É o resultado de várias vozes de grupos políticos, que merecem maior empoderamento e participação. Não apenas em reuniões como essa, mas participando efetivamente no Conselho Deliberativo como oposição, para que a efervescência política e essa pluralidade de ideias possam fazer com que o Santa Cruz seja mais fiscalizado, mais transparente, mais responsável nas finanças,como consequência de um debate político democrático e maduro. E foi o que a gente viu aqui”, destacou Mário Godoy.

Já além da hora prevista para o fim e adentrando o horário da tarde, a reunião foi encerrada, com as ideias anotadas. Ainda nesta semana, haverá uma nova reunião, agora mais reservada, entre os membros da Comissão de Reforma e os líderes dos IPC e do Pró-Santa, além de outros convidados do grupo, interessados em contribuir com o desenvolvimento de um minuta que será apresentada e submetida à aprovação do Conselho Deliberativo.

“Os grupos, os movimentos como o Pró-Santa e o IPC solicitaram participação na nossa reunião e isso foi deferido de uma forma democrática, para ouvi-los com mais tempo, para que eles sustentem as suas razões e depois a reunião faça uma deliberação interna, para incorporar ou não essas propostas. Tanto as ideias dos grupos, quanto as demais que estamos recebendo por e-mail e dos torcedores que estiveram aqui. Em seguida, vamos pedir pauta para o Conselho, para que comece a ser votado efetivamente o novo estatuto do Santa Cruz. O mais rápido possível a gente espera liberar essa minuta”, acrescenta o presidente da Comissão de Reforma.

Embora otimista pela aprovação do projeto, Godoy não projeta uma data específica para a instauração do novo estatuto acontecer, porém acredita que o exercício da temporada 2020 já seja submetido às novas normas de gestão propostas. “É o que eu espero. Não consigo arriscar um cronograma exato, mas isso não depende só de mim, também de como será o andamento das reuniões do Conselho Deliberativo. Mas pela minha vontade, seria a gente finalizar os trabalhos com o estatuto já vigente, ou até o final do ano, ou então para janeiro do ano que vem”, conclui Mário Godoy.

De fato, o futuro do clube, sobretudo no contexto a longo prazo, dependerá do que será debatido e acatado na última reunião que exibirá a minuta de alteração do estatuto. Mas caso se repita a atmosfera que tomou conta do anfiteatro principal da sede tricolor - com toda licença ao fundador Alexandre de Carvalho - o Santa Cruz renascerá e viverá eternamente.

MEMBROS ATUAIS DA COMISSÃO DE REFORMA

Mário Godoy ( presidente)

Marino Abreu

Fred Dias

Esequias Pierre

MOTIVOS APONTADOS PARA A REFORMA

Adequação ao Profut

Modernizar o Organograma do clube

Democratização do clube

INSPIRAÇÕES

Modelos de estatutos de outros clubes brasileiros foram estudados. Entre os citados, o rival Náutico, Fortaleza, Paysandu, Bahia, Internacional, Athletico-PR.

GOVERNABILIDADE

Criação de mecanismos com cláusula de barreiras para ter garantir a governabilidade do Poder Executivo do clube

Ter representatividade suficiente da situação no Conselho Deliberativo, para manter o andamento da gestão executiva livre de impeditivos políticos

ELEIÇÕES

Lista de sócios atualizada

Instituir 12 meses de inadimplência como prazo para a exclusão do quadro associativo

Publicação semestral, trimestral ou online em tempo real da lista

Abertura do poder de voto a todas as categorias, mediante a prazo mínimo de adimplência a ser estabelecido para cada seção

MUDANÇA DE ORGANOGRAMA

Como funciona hoje: Assembleia de Sócios + Conselho Deliberativo + Comissão Fiscal + Conselho de Administração + Comissão Patrimonial + Poder executivo

Modelo proposto: Assembleia de Sócios + Conselho Deliberativo (Comissão Fiscal) + Conselho de Administração + Poder executivo (Diretoria Patrimonial e de Base)

PODER EXECUTIVO

Submeter os gestores ao Código Civil, como rege a Lei do Profut, com o patrimônio pessoal como forma de garantia

Profut

Ampliar o poder de ação do presidente, hoje estimado pelo grupo como 70% do potencial das decisões, onde os outros 30% estão ligados à Comissão Patrimonial

Criação de uma diretoria para englobar as atividades, respeitando os recursos da Patrimonial previstos em orçamento, com cadeiras, e outras campanhas de arrecadação

Criação de uma nova diretoria para englobar as categorias de base, também com percentual direcionado do orçamento anual.

CONSELHO DELIBERATIVO

Manter conselheiros beneméritos (são 108 atuais)

Redução de cerca de 500 de 100 conselheiros, com participação proporcional aos percentuais obtidos nas eleições, com cláusulas de barreira para manter a governabilidade

Esclarecer os direitos e deveres dos conselheiros

Manter a figura de conselheiro colaborador, com contribuição, participação da reunião, ter voz, mas não ter voto. Apenas pelos conselheiros eleitos teriam.

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

Sete membros no total, sendo quatro deles indicados pela gestão executiva e  outros três natos à atividade, sendo um oriundo do quadro de beneméritos. Todos devem comprovar experiência em gestão.

PARTICIPARAM COM VOZ

Johnny Guimarães

Kátia Oliveira

Albertino dos Anjos

Joaquim Bezerra

Fred Magalhães

Geraldo Guerra

João Santana

Adriano Costa

Anchieta Thorp

Thomaz Barbosa

Rafael Luna

Pedro Luna

Marino Filho

Roberto Freire

Walter Cabral

Guilherme Leite

Pedro Linchon

Allan Araújo

Alessandro Medeiros

Roberto Cavalcanti

Anízio Silva

Italo Mendes

Gilberto Abreu

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