O modelo de clube-empresa pode estar com os dias contados no Figueirense. A derrota por W.O. para o Cuiabá, na última terça-feira, pela Série B, aprofundou uma crise que já vem se arrastando há meses em Florianópolis. Alegando constantes atrasos de salários e o não recebimento de outras verbas contratuais, os jogadores da equipe não entraram em campo, tomando atitude drástica que se for repetida poderá rebaixar o time para a Série C.
O Conselho Deliberativo do clube deu um ultimato para a empresa Elephant, holding que comanda o Figueirense. Caso ela não resolva as pendências financeiras até o dia 28 deste mês, a parceria será encerrada unilateralmente, conforme reza o contrato. A empresa não quis se manifestar.
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REBAIXAMENTO
No sábado, o Figueirense tem jogo contra o CRB, às 19h, no Orlando Scarpelli. Um novo W.O. exclui o time da competição, conforme prevê o Código de Justiça Desportiva. Há ainda uma possível multa entre R$ 100 e R$ 100 mil. O contrato com a Elephant foi assinado em 2017 com gestão por 20 anos.
Na quarta-feira foi um dia de reuniões no Figueirense. Os encontros foram entre representantes da empresa e os atletas, na tentativa de se chegar a um entendimento e garantir os próximos compromissos do time. Os membros do Conselhos Deliberativo, Fiscal e de Administração do clube passaram o dia discutindo o futuro da gestão.
Os jogadores que teriam "liderado" o movimento de paralisação temem represálias e uma lista com oito contratações circulou durante o dia. Segundo alguns atletas, que pediram para não ser identificados, além de salários, o Figueirense não tem honrado pagamentos de outros contratos, como direitos de imagem. Em alguns casos, o FGTS está há mais de sete meses sem ser recolhido. A situação teria iniciado em 2017, quando a empresa assumiu.
Ao desembarcarem em Florianópolis, no fim da manhã da quarta-feira, os jogadores foram recebidos com aplausos por um grupo de 50 torcedores. "Atrasar o salário de qualquer trabalhador não é normal. Esperamos que a nossa atitude (de não jogar) possa dar início a novo ciclo", disse o capitão Zé Antônio (ex-Sport).
Atualmente, o Figueirense tem dívida de R$ 100 milhões. Em 2017, quando a Elephant assumiu o controle, incorporando também a dívida, o valor passivo era de R$ 77 milhões. O presidente do clube, Claudio Honigman, também é sócio da Elephant. Ele é conhecido por causa de suas relações com Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.