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Geopolítica acaba com ambições de Infantino para Copa de 2022

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 24/05/2019 às 9:11
Infantino quer valorizar Mundial de Clubes. Foto: AFP
Infantino quer valorizar Mundial de Clubes. Foto: AFP

Da AFP - Gianni Infantino era um dos poucos que acreditava, mas, diante das dificuldades, acabou desistindo: a Copa do Mundo do Catar-2022 não passará de 32 para 48 seleções, uma derrota para o presidente da Fifa a duas semanas de sua reeleição.

"É claro que não é fácil. Mas a decisão de jogar com 48 seleções já está tomada, para 2026. Por que não tentar antes?", argumentava Infantino, esperando romper o embargo imposto ao Catar por vários de seus países vizinhos para sediar algumas partidas no Kuwait ou em Omã.

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Mas, finalmente, a duas semanas do congresso em que Infantino será reeleito sem oposição, em 5 de junho em Paris, a Fifa anunciou que a Copa do Catar será disputada como previsto inicialmente, com 32 seleções e em um só país, de 21 de novembro a 18 de dezembro de 2022.

"Um tiro no pé"

"Infantino conseguiu dar um tiro no pé", analisou um conhecedor do futebol mundial. Para outro analista, não há nenhuma urgência "e pouco a ganhar a não ser problemas" no plano de aumentar o número de seleções na Copa.

"Ele era o único que acreditava, a ideia foi apoiada pela Conmebol após pedido da Fifa, e há um ano tentam defender essa proposta", completou outra fonte.

O sucessor de Joseph Blatter no comando da Fifa acabou tendo que mergulhar de cabeça na diplomacia do futebol, multiplicando as viagens ao Golfo para tentar convencer os envolvidos.

Blatter, de 83 anos e suspenso desde 2015, atacou nesta quinta-feira (13) Infantino, em conversa com a AFP. "Infantino não podia mudar por um capricho as decisões tomadas pelo Comitê Executivo. Querer a qualquer custo organizar a Copa do Mundo na região (Golfo), sabendo que é complicado se envolver lá, isso não é papel do futebol", criticou o ex-mandatário.

"Embora o futebol transcenda muitos obstáculos, Infantino não entendeu que o futebol não pode transcender os conflitos geopolíticos", analisou outro especialista do mundo esportivo.

Outro problema, segundo fontes consultadas pela AFP, é que "Infantino se cercou de dirigentes que trouxe da Uefa, como o escocês Alasdair Bell, ex-diretor jurídico da entidade europeia, nomeado secretário-geral adjunto da Fifa e que nunca discorda dele, mesmo se este caso parecia complicado desde o início".

Para defender seu projeto, Infantino havia encomendado um estudo interno de viabilidade, cujas conclusões positivas lhe permitiram obter um voto favorável na reunião do Conselho da Fifa de março, em Miami.

Este estudo, ao qual a AFP teve acesso, garantia que uma Copa do Mundo no Catar com 48 seleções geraria "entre 300 e 400 milhões de dólares em receitas adicionais". Especialistas em marketing e direitos de televisão se mostraram "céticos" com as previsões "otimistas" da Fifa sobre estes valores.

"Seria até o contrário, acredito que uma Copa com 48 seleções no Catar acabaria sendo deficitária", completou um especialista. Um déficit que a Fifa poderia equalizar com suas enormes reservas de mais de 1 bilhão de dólares.

'Pagou pela arrogância'

Após a rebelião da Uefa contra seu projeto de criar um Mundial de Clubes com 24 equipes a partir de 2021, que finalmente foi adotado sem os votos europeus, esta renúncia à Copa de 48 seleções "parece uma derrota", segundo uma fonte que pediu anonimato.

"Infantino paga por sua arrogância e sua ignorância", continuou a fonte. "É também a vitória do Catar sobre a Fifa e seus vizinhos, uma vitória do pequeno sobre os grandes".

Mais além das promessas eleitorais de aumentar as ajudas econômicas da Fifa para cada federação, resta saber qual é a verdadeira popularidade de Infantino entre as 211 federações nacionais.

"Será muito interessante ver se Infantino será reeleito em 5 de junho por aclamação ou por voto. No segundo caso, qualquer abstenção poderia soar como um ato desafiador", completou outro analista.

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