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A Copa do Mundo de Iva Olivari, a 'chefa' da Croácia

Maria Lua Ribeiro
Maria Lua Ribeiro
Publicado em 12/07/2018 às 14:00
Esta é a primeira Copa de Olivari como chefe da equipe. Foto: Reprodução/Instagram
Esta é a primeira Copa de Olivari como chefe da equipe. Foto: Reprodução/Instagram

AFP

O jogo valia uma vaga para as semifinais da Copa da Rússia. Apesar de terem evitado a todo custo, ali estavam outra vez: frente à frente com os anfitriões eufóricos e com 30 minutos de prorrogação.  No gramado de Sochi, destacava-se uma mulher de terninho. Era Iva Olivari, a supervisora da equipe que fez história neste Mundial.

Assim como a trajetória da seleção balcânica, o caminho dela até o banco do imponente estádio às margens do Mar Negro foi longo. Começou em 1992, quando depois de uma lesão acabar com uma promissora carreira no tênis chegou à recém-criada federação de futebol.

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Naquela então jovem Croácia, era tão impensável que a seleção chegasse à sua primeira final de Copa do Mundo como o que uma mulher faria à beira do gramado. Mas os tempos mudaram e os croatas terão a chance de conquistar o título, contra a França, após derrotarem a Inglaterra nesta quarta-feira por 2 a 1.

"Eu não fui discriminada, embora, claro, ouvi coisas do tipo, 'ela não deveria estar ali, seria melhor se fosse um homem, não sabe nada de futebol'... Mas para mim tanto faz estes comentários", disse à AFP esta mulher de voz firme, que veste o uniforme da comissão técnica da Croácia.

O que acontece dentro do campo do time revelação deste Mundial é decidido pelo técnico Zlatko Dalic, mas todo o resto passa por Olivari, a quem alguns jogadores chamam carinhosamente de 'Tia Iva', e o restante dos funcionários diretamente de 'chefa'.

"Os mais jovens, quando chegam à equipe estão muito assustados, não sabem de onde vêm e me chamam de 'tia Iva'", confessa com meio sorriso. "Mas isto se esquece em seguida e passo a ser só Iva", acrescenta.

Porque é ela quem manda. "Como supervisora da equipe, sou a rainha dos papéis. Sou encarregada de toda a administração, a comunicação com os adversários, os clubes, as viagens... Tudo o que se precisa para participar de um torneio", conta.

Isso inclui assistir o técnico na comunicação das substituições ou no diálogo com a FIFA, como também faz a espanhola Silvia Dorschnerova, delegada de campo da 'Roja' desde a Copa do Mundo de 2002.

Pouco espaço

A Copa da Rússia é a primeira de Iva como supervisora da equipe. Mas a imagem desta mulher pequena, de 49 anos, sentada como mais uma dos reservas e técnicos no banco croata chamou a atenção deste Mundial com ainda há poucos lugares na primeira fila para as profissionais.

Quase metade da audiência da Copa de 2014 foi feminina nos maiores países da América Latina, segundo dados da própria FIFA, mas só há mulheres nas comissões técnicas das seleções, as salas de imprensa continuam sendo amplamente masculinas e tampouco houve árbitras em nenhum dos 64 jogos.

Algumas jornalistas, além disso, tiveram que passar por humilhações de torcedores e avanços durante seu trabalho em campo.

"Gostaria de ver muito mais mulheres dentro e fora dos gramados. Podemos fazer muitas coisas. Não é preciso ir jogar para estarmos representadas no futebol. Podemos trabalhar na administração, direção de jogadores, transferências...", enumera Olivari.

"Há uma infinidade de aspectos nos quais as mulheres podem intervir para melhorar o desenvolvimento do futebol", diz esta mãe de dois filhos, que chegou a vencer em um jogo juvenil Steffi Graf.

História

Ela é parte essencial da federação croata, que agora é dirigida pelo ex-atacante e herói do terceiro lugar conquistado em 1998 Davor Suker, e na qual, destaca orgulhosa, trabalham mais mulheres que homens.

O futebol é igual para todos, como os arrepios que se sente pela primeira vez no banco de uma seleção antes do começo de um jogo. Nomeada empresária da equipe depois da Copa do Mundo no Brasil, Iva estreou na beira do campo na Eurocopa da França-2016.

"Foi muito emocionante, tanto faz se você é homem ou mulher. É impressionante se sentar ali e ver o futebol de outra perspectiva", lembra.

Na Rússia, a sorte tem sorrido para a talentosa geração liderada por Luka Modric, que correu, emocionado, para abraçar Iva depois da sofrida classificação contra a Dinamarca. "Acho que nossa hora chegou e vamos fazer coisas incríveis", avaliou Iva, que estará na primeira fila na final em Moscou.

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