Por Wladmir Paulino
@Wladmir_Paulino
O Santa Cruz não precisava de mais um fato para agravar a crise na qual o clube como um todo se encontra há alguns meses mas só estourou após a confirmação do rebaixamento para a Série C. E o fator mais preocupando é o tal fato ter partido justamente de quem deveria procurar acalmar os ânimos: a própria diretoria. Ao demitir o técnico Marcelo Martelotte sem a consideração de chamá-lo para uma conversa, os dirigentes corais tiraram de circulação não apenas aquele que, durante algum tempo, conseguiu segurar a tampa da panela de pressão, mas também criar uma situação de Nós contra Eles, como se jogadores e dirigentes estivessem em lados opostos.
"A gente observou que o professor Martelotte não se posicionou na condição de defender o Santa Cruz", disse o presidente Alírio Moraes, em entrevista ao Jornal do Commercio.
Se teve alguém que nos últimos anos que soube defender o Santa Cruz como poucos foi Martelotte. Já o fizera como atleta em duas oportunidades. Como treinador, idem. O que o presidente queria era que o treinador fizess o papel de dirigente. Não poderia nem deveria. São situações diametralmente diferentes. Um técnico gerencia apenas pessoas. Ao presidente, vice e demais diretores cabem recursos, principalmente financeiros.
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Delegar a responsabilidade que lhe caberia só aumenta a revolta da torcida contra a diretoria, como bem foi visto nas redes sociais. Tanto que a crise que levou o Santa à Série C teve um fenômeno: em raros momentos os jogadores foram citados como culpados ou ao menos corresponsáveis pela derrocada embora também tenham sua parcela, ainda que menor.
E Martelotte controlou os ânimos até onde foi possível. Antes da bomba estourar, o atacante Ricardo Bueno, numa coletiva, já havia comentado que na chegada do treinador foi feito um pacto para que o assunto salários atrasados não seria mais tocado. Ele mesmo comentou que seu trabalho era mais de psicólogo do que treinador de futebol. Captar recursos financeiros já seria demais. Com a saída dele, corre-se o risco, agora, de a ameaça de greve ser concretizada. Quando o Santa mais precisava de união, seu dirigente maior coloca-se em oposição a quem mais teria que ter perto de si: seus jogadores e funcionários.