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Adaptações no futebol feminino dividem opiniões

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 27/08/2017 às 8:07
Foto: Anderson Freire/Sport
Foto: Anderson Freire/Sport

Já ouviu falar em um esporte proibido por lei? Pois bem, o futebol feminino foi banido no Brasil pelo Decreto-lei 3.199 de 1945, que vedava às mulheres a “prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”, e depois mais especificamente pela deliberação número 7 do Conselho Nacional de Desportos, de 1965, época da ditadura militar, não permitindo a prática de lutas, futebol, futsal, futebol de areia, polo aquático, polo, rugby, halterofilismo e baseball por elas.

A liberação só aconteceu em 1979 e as proibições prejudicaram o desenvolvimento da modalidade no País. O machismo e o preconceito ainda presentes também acabam por atrasar o progresso feminino no futebol. De acordo com a técnica da seleção brasileira Emily Lima, mulheres iniciam no futebol mais tarde, retardando as habilidades técnicas e táticas.

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O comando de Emily Lima na seleção brasileira

Assim, existe uma discussão sobre possíveis adaptações para tornar as disputas mais atrativas, como ocorre em outros esportes. No vôlei, a rede é mais baixa, saindo dos 2,43 m do masculino para 2,24m. O basquete feminino usa uma bola mais leve e as mulheres do tênis têm jogos com menos sets.

Contudo, levar essas mudanças ao esporte mais popular do mundo divide opiniões entre técnicos. O comandante do Sport Jonas Urias é a favor de algo que torne a disputa mais dinâmica, pois, em sete anos trabalhando na modalidade, ele observa a queda de intensidade nos últimos minutos de jogo. Ele opina com duas soluções: diminuir cada tempo em cinco minutos ou aumentar o número de substituições, para manter a dinâmica.

Urias exemplifica também com o tamanho da barra, que tem 2,44 m de altura por 7,32 m de comprimento. “Um exemplo é Lorena, nossa goleira, que tem 1,83 m de altura. Uma mulher muito alta, mas se fosse homem, seria um goleiro baixo, provavelmente não passaria na peneira por falta de estatura, e a barra tem o mesmo tamanho para ambos”, citou. Mas a logística nesse caso torna a adaptação mais dispendiosa, levando mais obstáculos do que favorecimentos.

O peso da bola é outra questão. Novamente, o rubro-negro ainda pondera se uma bola mais leve pode causar impactos positivos ou negativos. “Provavelmente teriam mais gols e jogadas mais longas. No futebol feminino é muito comum assistir a um jogo e ver o jogo cinco minutos no campo de um time. Depois, cinco minutos no campo do adversário, porque a transição não acontece com tanta facilidade quanto no masculino”, explicou.

Do outro lado do debate está a opinião da comandante da seleção Emily Lima. “Não acredito que o futebol feminino precise de adaptação, pois em outros países a modalidade já é realidade sem precisar de mudança alguma”, ressaltou. O que remete ao tempo em que mulheres ficaram impedidas por lei de jogar por aqui.

O técnico Jeronson, do Náutico, concorda, pois enxerga uma evolução natural com a profissionalização, já que o futebol feminino atual conta com suporte e preparação técnica. “Conseguimos entender que fisiologicamente é inviável, mas o jogo tem dinâmica maior mesmo com as variações. A medida que a modalidade se profissionalizar, vamos melhorar, aproximar e ter resultados de excelência, mais significativos”, opinou.

Então, imagine que você fosse apostar uma corrida. Mas, por algum motivo, algo te prende na largada e seu concorrente está livre. Como será possível que você iguale seu caminhar? O que todos concordam é que, antes de tudo, o essencial é o investimento na modalidade. A discussão sobre adaptações técnicas, porém, dá pano para as mangas.

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