Por mais que o futebol brasileiro tenha sofrido sob os pés de Zinedine Zidane é impossível não reconhecer a genialidade do ex-camisa 10 da França que completa 45 anos nesta sexta-feira. As passadas largas e a simplicidade dos dribles, não raro desconcertantes, davam a impressão de que Zizou fazia o tempo, ao menos dentro das quatro linhas, girar num tempo que era só dele. E que nenhum de seus marcadores conseguia acompanhar.
Zidane era daqueles que dizemos ser completo. Excelente no dominio, no passe longo e curto, chutava com os dois pés de todas as formas: com a parte interna e externa. O único defeito era o cabeceio. Até o dia 12 de julho de 1998. Dois gols com o cocuruto já com a calvície avançada acabaram de destruir a seleção brasileira na final da Copa do Mundo - o time já estava abalado pela convulsão sofrida pelo atacante Ronaldo.
Iniciou a carreira na base Victório Mello Football Club. O passo seguinte ainda seria numa equipe inexpressiva, a Septèmes-les-Vallons. Foram quatro anos até chamar a atenção do Cannes e dali para o Bordeux. A saga na seleção francesa começou em 1994. O Bordeaux chegou à final da Copa da Uefa em 1996. Mesmo perdendo para o Bayer de Munique, a campanha valeu a Zidane uma transferência para a tradicional Juventus, da Itália.
Mas ainda havia tempo para ele faturar o Mundial de Clubes numa partida que carregou um grande significado para Zidane. O adversário era o River Plate, da Argentina, onde jogava seu ídolo, o uruguaio Enzo Francescoli. A admiração vinha da época em que Francescoli jogava no Olympique de Marselha, time do coração do francês. A tal ponto que o filho de Zidane recebeu o nome de Enzo.
No ano seguinte ele teve a primeira chance de vencer a Liga dos Campeões da Europa. Mas a Juventus foi surpreendida na decisão pelo Borussia Dortmund. Mas a decepção foi superada pela conquista da Copa em 1998 e a posterior eleição como melhor jogador do mundo pela Fifa e pela revista France Football - repetiria o feito em 2000 e 2001. Ao fim da temporada 2000/2001 transeferiu-se para o Real Madrid, onde finalmente conquistou a Liga, com direito a um golaço de voleio na decisão contra o Bayer Leverkusen.
Dali em diante o Real perderia espaço para o rival Barcelona. Teve uma decepcionante Copa em 2002, quando precisou jogar machucado mas não evitou a eliminação francesa ainda na primeira fase. A dose se repetiria na Eurocopa de 2004. Ele anunciou que se aposentaria após a Copa do Mundo de 2006. No Mundial da Alemanha deu um show a partir das oitavas de final. Primeiro triturou a Espanha nas oitavas de final. Nas quartas, comandou a eliminação brasileira até chegar à decisão contra a Itália. E ali, nem o último ato conseguiu manchar sua carreira. No segundo tempo da prorrogação foi insultado pelo zagueiro Materazzi e reagaiu com uma cabeçada no peito do rival. Sua última imagem foi a saída melancólica passando ao lado da taça, que ficaria com a Azurra após vitórias nos pênaltis por 5x4.
O fim de carreira no Real Madrid rendeu-lhe um convite para trabalhar na gestão do clube. Em 2013 virou auxiliar de Carlo Ancelotti, com quem venceu a Liga dos Campeões daquela temporada. Assumiu o time B dos merengues no ano seguinte. No dia 4 de janeiro do ano passado foi anunciado substituto de Rafa Benítez no time principal. E venceu a Liga dos Campeões nesta temporada, completando um bicampeonato que não acontecia desde 1990. Ele é o único a vencer a Champions como jogador, auxiliar e técnico.
