Por Wladmir Paulino, @Wladmir_Paulino - O elenco do Náutico volta aos trabalhos nesta quarta-feira (26) com dois problemões para resolver e um influenciando o outro como uma bola de neve. Dentro de campo, preparar um time ferido por não ter mostrado força suficiente quando mais foi necessário - o jogo decisivo contra o maior rival. Fora dele, ajustar as contas, com o Conselho Deliberativo e o próprio elenco de jogadores. O técnico Milton Cruz já falou que reforços são necessários. Mas necessários para quê? Subir de divisão, manter-se na Série B, que pelo menos garantiria um calendário cheio em 2018, ou aumentar uma folha de pagamento que no fim do quarto mês do ano já dá mostras de que é pesada demais?
Sem dúvida algo extremamente complexo de ser administrado. A torcida que aponta o dedo para dizer que o diretor A ou B é incompetente porque não teve dinheiro para pagar é a mesma que clama por reforços porque 'o jogador X não tem condição de vestir a camisa do Náutico e o melhor do time é um garoto recém-promovido do sub-20. Se aprofundarmos a questão temos que olhar um problema muito maior do que falta de dinheiro.
É um problema de adequar-se aos novos tempos.
Marcos Freitas tomou posse no dia 5 de janeiro de 2016. No dia 16 de maio do mesmo ano, pediu licença por questões de saúde. Ainda licenciado, entregou uma carta renunciando definitivamente ao cargo em 15 de dezembro. O vice, o ex-jogador Ivan Brondi, era alçado definitivamente ao posto máximo. Porém, por mais que o ex-meio-campista tenha um imenso respeito dos alvirrubros, não estava preparado para assumir o leme de um clube endividado, com um corpo de sócios reduzido e as receitas minguando.
Enquanto o caminho de muitos clubes é a profissionalização em quase todos os setores - e não é de hoje - o clube dos Aflitos dá mostras de ter parado no tempo. Não existe a figura de um diretor administrativo para tocar o barco diariamente. Os diretores financeiros estão afastados, de acordo com a própria assessoria do presidente. O comando é praticamente dos dirigentes de futebol. Futebol esse que também não conta com um executivo, com alguém que precise mostrar resultado e deveria ser cobrado pelos que hoje tentam dar esses resultados. Excetuando a torcida, quem cobra dessas pessoas? Não dá para cobrar justamente porque eles estão ali por paixão. A torcida deveria, sim, exigir gente formada, capacitada tecnicamente para executar tais tarefas.
O Náutico de hoje é como o Náutico de ontem: um grupo de abnegados que dispensam um pouco - ou muito - de seu tempo e energia para trazer de volta as glórias do clube. Mas sempre no arriscadíssimo formato tentativa e erro. Falta conhecimento de mercado do futebol, prospectar jogadores, só para usar um termo da moda. O Náutico contratou Ewerton Páscoa que foi do Sport, Anselmo que fez muitos gols no Fortaleza, Giovanni que foi do Fluminense. O melhor jogador do time é Marco Antônio, que foi destaque há 13 anos. Falta faro para ver potencial num jogador de apelido engraçado que empilhe um gol atrás do outro, só para ficarmos no exemplo mais famoso, que é Kuki.
O Náutico de hoje anda em círculos. Falta alguém que aponte uma reta e diga: vamos por aqui. Profissionalismo não vai resolver tudo, mas já é um ponto de partida.
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