A diretoria do Náutico só tomou conhecimento extra-oficialmente da abertura do processo disciplinar por parte do Conselho Deliberativo. Mesmo assim, o vice-presidente jurídico do clube, Bernardo Wanderley explicou que os atuais dirigentes estão juntando os documentos para enviar um novo orçamento para o CD. Segundo ele, os atrasos e informações que o órgão julgou incompletas devem-se a atrasos de pagamento à auditoria.
"Eles alegaram que o orçamento não foi comprovado, de onde vinha a receita. Estamos juntando toda documentação para enviar, mas ainda não fomos comunicados desse processo disciplinar e por isso ainda não podemos emitir um posicionamento", explicou.
A quitação de débitos junto à empresa que faz a auditoria foi o outro entrave para o cumprimento do cronograma. "Com essa dificuldade financeira que o clube vem passando também temos deixado de quitar algumas coisas junto à auditoria, o que tem dificultado o trabalho no clube. Estamos tentando uma verba para cumprir os prazos que devemos."
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Já o presidente do Conselho, Gustavo Ventura, rechaçou a possibilidade de haver um cunho político no processo. Ele, inclusive, é contra punições para o presidente Ivan Brondi. A intenção, segundo ele, é mudar a cultura do clube para que ele seja administrado com mais cuidado. "O que quero é demonstrar a necessidade de mudanção no clube. O orçamento tem que ser cumprido, estabalecer despesas corretas e receitas mais próximas do que pode ser realizado levado pelo princípio da austeridade e não do extremo otimismo".
Rigor
Ventura pontuou que no ano passado já havia estabelecido como meta um rigor maior quanto ao orçamento e não foi isso que recebeu. "Foi apresentado um orçamento com excesso de otimismo. Estamos vendo aí os atletas em atraso, funcionários. E olhando para as colunas de recieta seria impossível isso ocorrer. Não adianta fazer orçamento como peça de ficção".
Ele voltou ao passado para comparar o que foi feito na gestão de Glauber Vasconcelos (2014/2015). De acordo com o presidente do Conselho, os problemas que o Náutico teve em campo no primeiro semestre daquele ano deveram-se ao rigor orçamentário. "As críticas ao desempenho do futebol no primeiro semestre foram porque Glauber teve a preocupação de estabelecer um orçamento bem enxuto para pagar em dia. Os atrasos a partir de agosto daquele ano vieram depois que os recebimentos da Arena Pernambuco deixaram de acontecer e quebraram o fluxo de caixa".
O trâmite do processo vai durar no mínimo 60 dias - pode ser prorrogado por mais 30. Nesse ínterim, a diretoria vai apresentar suas razões. Depois, a Comissão de Legislação e Justiça vai analisar e elaborar um parecer. O Conselho vai apreciar esse parecer e decidir por uma punição do presidente executivo ou não. São três formas de punir: advertência, suspensão ou exclusão. "Não vejo hipótese de suspensão ou exclusão. O que menos me preocupa é a punião, o que me preocupa é modificar a obediência ao estatuto".
