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Estante FC: Conhecendo o lado podre do futebol

Thiago Wagner
Thiago Wagner
Publicado em 22/05/2016 às 9:19
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Estante F.C.

Toda semana, um dos repórteres de esportes do Blog do Torcedor, do Jornal do Commercio, da TV Jornal ou da Rádio Jornal vai escrever sobre o último livro que leu ou ainda está lendo, envolvendo temas esportivos. Nesta semana, Thiago Wagner escreve sobre o livro que mostra o mundo sujo do futebol brasileiro e mundial:

Acompanho futebol, seja como torcedor ou jornalista, há uns 20 anos. Sei que instituições como a Fifa e Confederação Brasileira de Futebol possuem os seus podres, afinal somos bombardeados quase que sempre com escândalos de corrupção. Mas confesso que mesmo assim fiquei surpreso com a leitura de Política, Futebol e Política, do também jornalista Jamil Chade, que trabalha como correspondente internacional no jornal Estado de S. Paulo e na ESPN.

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Na publicação, Chade mostra muito mais do que simples casos de corrupção. Ele traz um trabalho de 15 anos com detalhes minuciosos da maior organização do futebol mundial, a Fifa, em uma crítica clara aos dirigentes, que mais se preocupam com o dinheiro do que com o desenvolvimento do futebol.

Outro ponto levantado pelo jornalista recai sobre a CBF. No livro, Jamil mostra como a organização nacional vendeu a seleção brasileira para interesses privados. Ele também traça o raio-X da Copa do Mundo no Brasil, competição que enriqueceu a Fifa e trouxe uma conta difícil de ser paga para a sociedade brasileira.

Nesse périplo pelo mundo, um fato sempre me surpreendeu: como nós, brasileiros, somos identificados pela nossa Seleção. Sim, trata-se de uma visão simplória, injusta, estereotipada. O Brasil é muito mais que isso. Mas essa realidade também revela que aquela camisa amarela faz parte de nossa identidade e vai muito além de representar um time de futebol. Faz parte de quem somos no mundo, gostemos ou não.

O problema é que esse bem cultural, essa Seleção que se diz “nacional”, que usa nossas cores, canta o nosso hino e diz nos representar, foi apropriada por um grupo privado que enriqueceu baseado em nossa emoção. Em nossa identidade.

Esse livro, portanto, é um chamado a todos a sair ao resgate desse nosso bem comum. Não é um livro contra a ideia da pátria de chuteiras nem um convite a queimar a camisa amarela. Muito pelo contrário. É uma convocação aos torcedores para que sejam cidadãos e não exijam apenas gols. Mas, acima de tudo, a verdade."

Tive o prazer de conhecer Jamil, em São Paulo. Em conversa rápida com ele, pude ouvir detalhes do livro, que teve sua publicação antecipada por conta do recente escândalo que derrubou o ex-presidente Joseph Blatter. A queda do suíço, por sinal, é o capítulo de abertura da publicação, tornando-a bem atual. A leitura é obrigatória para os que desejam saber como realmente funciona o futebol mundial e nacional. Quem sabe com um pouco mais de conhecimento possamos questionar mais para provocar as mudanças que tanto desejamos.

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