Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Por Álvaro Filho, editor do Blog do Torcedor
Twitter: @alvarofilho
Há no debate da reutilização dos Aflitos um ruído de comunicação que precisa ser resolvido: deixar o antigo estádio pronto para receber jogos não tem nada a ver com desistir de jogar na Arena.
Uma situação pode muito bem conviver pacificamente com a outra. Aliás, é até desejável que seja assim.
Afinal, foi por manter seu próprio estádio apto para jogos que Sport e Santa Cruz nunca reclamaram de levar algumas de suas partidas para a Arena.
Por isso que ao contrário do que tem sido para o Náutico, a Arena foi sempre um bom negócio para Sport e Santa.
Desistir em definitivo dos Aflitos é correr um risco grande. Pois se perde o poder de barganha com a própria Arena.
O Náutico vai chegar lá e dizer "aceito isso não, esse valor é baixo, etc." e irá ouvir da outra parte que "sim, tudo bem, mas se não for aqui vai jogar onde?".
Onde?
E não duvide se a ideia do Náutico não levar todos os jogos para a Arena surja do atual gestor, o Governo. Pois quem gostava de jogo com pouco público era a Odebrecht, pois faturava a mesma coisa de casa cheia com custo de operação para mil gatos pingados.
Sem falar que a outra saída, transformar os Aflitos num shopping, não tem cabimento no atual cenário econômico do país. Isso foi pensado nos tempos das vacas gordas, com o Brasil surfando no crescimento chinês e o motor da nossa economia baseado no consumo.
Mas hoje?
Com a crise é mais comum ver loja fechando que abrindo. Sem falar na mão de obra que será achar uma construtora para tocar a obra sem que o dono esteja ocupado redigindo uma delação premiada para salvar o próprio pescoço.
O discurso que pretende separar a reativação dos Aflitos de um acordo que leve os principais jogos para a Arena não interessa ao clube. Pelo contrário. Atrapalha mais do que resolve. Cria uma barreira que não precisaria existir.
É um discurso que pode até interessar a alguém, mas esse alguém não é o Náutico.
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