Por Álvaro Filho
Twitter: @alvarofilho
Cavalheiro como de costume, o presidente do Sport, Humberto Martorelli, recebeu a imprensa na última terça (23) para um almoço onde fez um balanço da gestão em 2015 e traçou metas para 2016. O encontro serviu também para que tópicos de sua administração fossem posto à mesa para apreciação dos comensais da crônica. Agora, com a digestão devidamente feita, vou analisar o menu do encontro, não na ordem que foram servidos, claro, afinal esse não é um blog de gastronomia, mas de futebol.
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Sobremesa: pudim com calda de cotas de TV
A sobremesa servida não foi um bolo, mas se fosse, a cereja seria a discussão das cotas de TV.
Talvez o assunto mais indigesto do almoço. Afinal, o presidente do Sport até que tentou, mas não conseguiu explicar como foi vantajoso se amarrar com a Globo por mais dois anos, no biênio 2019-20, recebendo menos, quando a própria emissora divulgou que irá chamar outros clubes para pagar mais, no mesmo período.
Só não se engasgou por que o pudim estava bem macio.
No frigir dos ovos, para não sair do contexto gastronômico, o novo acordo com a Globo foi vantajoso, sim, mas para a atual gestão. Para se amarrar com a Globo, a emissora pagou um "bônus", de valor não revelado pelo mandatário, protegendo-se na cláusula de confidencialidade. E o tal bônus já entrou na conta rubro-negra, quem sabe, serviu até para pagar a conta do almoço.
Em outras palavras, quem estiver à frente do Sport em 2019, vai receber menos por ano do que agora e ainda não vai contar com o bônus.
Para piorar, o próprio Martorelli disse que o Sport foi procurado pelo Esporte Interativo para receber, nas palavras dele, dez vezes mais que na Globo. Ok, pode ser força de expressão, mas vamos lá, que fosse cinco vezes. E isso só pelos direitos da TV fechada e internet, o que subentende que o clube ainda poderia negociar com a concorrência a transmissão no sinal aberto. Até o bônus os executivos da EI disseram que cobriam.
Não entendi nada.
Martorelli afirmou que não fechou com a Esporte Interativo pois a decisão não tinha prazo determinado para ser definido pela direção da emissora, nos EUA. Já a Globo resolveu tudo em 48 horas. Havia ainda a questão de ser só na TV fechada, o que para o presidente, representava um risco.
Talvez achasse um risco mesmo toda a aventura com a EI, uma empresa que pode ser hoje, não amanhã. Ou que de posse do bônus agora pudesse ir além com o Sport, chegar na Libertadores quem sabe, o que renderia muito, mas muito mais ao clube nos anos seguintes. Um bom motivo ele teve.
Quem sabe a gente descubra no próximo almoço.
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