Por Álvaro Filho
O presidente do Sport é o exército de um homem só na ingrata batalha contra um inimigo acostumado a estratégias ao mesmo tempo cruéis e covardes.
E está pagando um preço muito caro por isso.
A ameaça de morte sofrida por Humberto Martorelli não se traduz em risco apenas ao dirigente rubro-negro, mas a todos aqueles que não concordam que o futebol ceda cada vez mais o espaço da arte e da convivência sadia para a intransigência, brutalidade e criminalidade.
Guardando as devidas proporções, as torcidas organizadas vêm rezando na cartilha de outros grupos extremistas, o mais famoso deles o Estado Islâmico, que comete atrocidades em nome de uma fé cega, uma idolatria desviada, seja por uma divindade ou time de futebol.
Uma ira que não conhece limites.
A deprimente investida contra os jogadores do próprio time, no aeroporto, foi um legítimo ato terrorista. Pois as táticas terroristas não se resumem a atentados suicidas, fazem também mão do medo constante de quem, a partir de agora, tem que olhar para os lados ao pisar o pé fora de casa.
É bom que se deixe claro que essa guerra não é só de Martorelli. É também minha e sua, de toda a sociedade, que não precisa ser ameaçada de morte para se sentir vítima e deveria se mobilizar, assim como faz o dirigente, para não ser cada vez mais acuada.
A nota triste é a completa passividade do Poder Público, que assiste a sanitários arremessados nas cabeças de seus cidadãos, lutas campais em avenidas, invasões em aeroportos e outros desmandes acontecerem em série boquiabertos, enquanto fingem achar soluções em reuniões que se sucedem sem resultados práticos.
Triste.
Pois a arma apontada na cabeça do presidente do Sport, mira também o futebol.
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