A experiência como comentarista deu a Falcão cancha para não se atrapalhar em frente ao microfone. Dribla qualquer investida do repórter com raciocínio rápido e frases bem articuladas.
Parabéns para ele.
Mas dirigir um time é diferente de comentar uma partida e, cá pra nós, muito mais difícil e é por isso que treinadores têm bem mais zeros à direita no pró-labore que a imensa maioria dos comentaristas.
Falcão está certo quando afirma que não teve tempo hábil ainda de treinar o Sport. Em menos de 15 dias de trabalho, encarou quatro jogos em duas competições diferentes, percorrendo longas distâncias.
Mas agora com a pausa para as "datas Fifa", ele terá dez dias para treinar o time e fazer ajustes, não pontuais, aperto num parafuso aqui outro acolá, mas estruturais, tratar de arrumar o time. Até porque o Sport precisa, principalmente no setor defensivo, antes um dos pilares do time, hoje alegria do ataque adversário, como aconteceu na derrota para o Inter.
Derrota que revelou um outro lado de Falcão, o de comentarista de arbitragem.
Nos três reveses que teve com o Sport até agora - o empate e derrota para o Huracán, e esse agora no Beira-Rio - o treinador elegeu o árbitro com vilão e, mais exagerado ainda, como protagonista pela derrota rubro-negra.
Exagerou tanto que foi expulso.
Para piorar, contra o Inter ele reclamou de três lances que ele mesmo confessou que não viu. Estava no Beira-Rio e não viu se foi ou não pênalti ou se o gol foi ou não com a mão. Nem a infantil expulsão de Diego Souza, tão próximo ao banco do Sport que por pouco o chute não resvalou no próprio Falcão, ele viu.
Não viu, mas fez questão de repassar a responsabilidade para o árbitro.
Pode isso, Arnaldo?
Por enquanto, a conversa bonita de comentarista vai resolvendo. Porém, mais cedo ou mais tarde, se o trabalho de treinador não aparecer, não vai ser mais possível esconder as falhas com os truques que ele aprendeu com Galvão.