Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Não se trata nem de fulanizar o debate, dizer que o jogador A é melhor que o B.
Mas a opção de entrar com Luisinho contra o ABC é um bom sinal. Menos por Luisinho e mais porque o técnico Marcelo Martelotte parece deixar de lado um pouco as suas convicções, também conhecidas como teimosias, abrindo espaço para que o ataque tricolor teste outras articulações e respire novos ares.
Até porque o Santa padece de um descompasso de velocidade no ataque. Apesar de ser mais velho, Grafite se vale das pernas cumpridas e é sempre mais veloz que Anderson Aquino. Está sempre um passou ou mais à frente do companheiro de ataque, melhor em prender a bola e articular jogadas.
Uma fração de segundos que parece não fazer a diferença, mas sempre faz.
A possibilidade de Luisinho figurar no time é um alento pois o Santa tende a ganhar em velocidade, num jogo que tem todas as condições de transformar esse fator num arma fatal. Afinal, o ABC é a antítese do mandante, ainda não venceu em casa, fardo que o obriga a ser imprudente, a pressionar além da conta, a se expor, abrir a guarda e correr o risco do gancho no queixo.
É claro que o Santa Cruz pode nocautear o ABC sem Luisinho. Não se trata disso, de um resultado pontual, embora importante. Mas a presença dele seria um sinal de que Martellote aos poucos abandona o conservadorismo tático e percebe que tem peças para fazer o time coral render ainda mais do que vem rendendo na pequena revolução que o treinador patrocinou desde que pisou no Arruda.
Ser corajoso não é não ter medo. Isso é ser imprudente. O medo faz parte e é até didático, ajuda a pensar. Ter coragem é justamente saber administrar o medo, os riscos, e se preparar para isso.
E está mais do que na hora do Santa Cruz perder o medo de ganhar fora de casa.