Casamento é assim mesmo e quando cai na monotonia é um perigo.
É por isso que Lisca precisa cuidar do casamento dele com o Náutico. Sem variar taticamente, o Timbu padece da mesmice do esquema de jogo, muito simples, basicão demais, um papai-e-mamãe sem graça e fácil de marcar.
Note que não é o caso de divórcio, afinal os laços afetivos de Lisca com o Náutico são grandes. Há uma história de amor que precisa ser respeitada e preservada, e a melhor saída não é ir cada um para o seu lado, mas sair da rotina, inventar algo de novo.
Quem sabe jogar com dois atacantes?
Douglas sozinho perdeu o viço. Solitário entre os zagueiro, esquivando-se pelos lados do campo para pegar a bola e cruzar para... ninguém. Pois seria justamente ele quem deveria estar lá para concluir.
Lisca deu uma desculpa esfarrapada, de marido pego com mancha de batom na gola, de que Douglas nunca foi artilheiro, mas vice-artilheiro dos times por onde passou. Peraí, há um planejamento para isso? O cara ser contratado para ser o segundo goleador e não o primeiro? E aí, como faz se ele começar a marcar, passa a perder gols para manter o combinado?
Menos, professor. Tem o novato aí, Daniel Morais, que tem jeito para a coisa, está com vontade. Mantém o cara no time, tira Douglas da solidão e aí, quem sabe, ele até não vira o vice-artilheiro como planejado.
O casamento Lisca-Náutico também pode ser salvo com a saída de um dos três volantes. Afinal, isso em nenhum momento vem garantindo a segurança da meta alvirrubra. No máximo, diminui o poder de criação. Uma vez ou outra, vá lá, com um 1x0 na frente, enche o time de cabeça-de-área. Mas fazer da exceção a regra não vale, pega mal.
Se quiser fechar o time e manter o equilíbrio, insiste nos três zagueiros. E não precisa ser só com Eller, Ronaldo e Rafael, não.
Talvez essas não sejam a saída, mas o certo é que do jeito que está, sem discutir a relação e variar um pouquinho o jogo, o Náutico continua um time monótono em campo, fácil de marcar.
E monotonia nunca combinou com "felizes para sempre".