Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
O Náutico vem jogando no fio da navalha.
A expressão é antiga, mas vem bem a calhar (bem a calhar é mais antigo ainda).
Um time que tem os nervos no lugar e não se espanta em correr os riscos naturais de uma partida de futebol.
A vitória contra o Ceará é um bom exemplo.
Um gol no início era o que o elenco alvirrubro queria para cozinhar o jogo em banho-maria (outra bem antiga), com a bola rondando a área, mas sempre rechaçada com segurança e tranquilidade, às vezes, até demais.
Não deixa de ser uma qualidade, na mesma proporção que é um risco.
Afinal, se equilibrar no fio da navalha requer a capacidade de não pender mais para um lado que para o outro. Ser atacado, mas também atacar. E se atrás sobrou calma, na frente foi um produto em falta.
E não é porque venceu que se vai fechar os olhos para isso.
Outro detalhe é que quando se refere ao time do Náutico, é especificamente aos "onze" (ia escrever "eleven", mas aí já era demais). Do goleiro ao atacante, o grupo vem respondendo, com Rogerinho (ou Bruno Alves, tanto faz) como nota dissonante.
Mas os reservas estão longe de vibrar na mesma sintonia, o que novamente pode fazer o time pender para o lado errado da navalha.
Parece ranzinzisse de velho ver defeitos quando o time vence, está invicto e na ponta da tabela.
Mas a experiência - não confundam com velhice - ensina que é com o vento soprando a favor, e não nas tempestades, que se deve fazer os ajustes.
Ajustes que vão manter o equilíbrio de quem vem se dando bem na arte de levar a vida no fio da navalha.
