Cronologicamente, as vidas de Ana Karina Marques Valentim Alves como árbitra de futebol e mãe praticamente se confundem. Ela apita nos campos de futebol pelo Brasil desde 2002. Sua filha, Larissa, nasceu somente três anos antes. Apesar das ausências que a segunda profissão impõem - ela também é funcionária da Prefeitura de Ipojuca - ela recebe a maior força da herdeira.
Ana Karina (dir.) tem todo apoio da filha Larissa. Foto: Arquivo pessoal.
"Praticamente Larissa viveu me vendo apitar. Quando entrei na arbitragem ela tinha apenas dois anos de idade. Daí então foram vários torneios e cursos em que tive que me ausentar do meu estado e muitas vezes do meu País. Mas ela sabe que estou fazendo o que mas gosto de fazer hoje e que muitas vezes passei por muitas dificuldades e que fiz tudo por ela. Ela se sente bastante orgulhosa por eu ter conseguido chegar onde cheguei", disse Ana Karina. Nessas horas, a mãe e os irmãos deram o suporte necessário.
O início foi um pouco complicado. Normal para uma criança que quer ter a mãe sempre por perto. Além do que, era a fase de ir ao parque de diversões, cinema... "Quando era menor ela reclamava muito, agora entende sem problemas".
Mas quando estão juntas não se desgrudam. Até fazendo o trabalho de suporte que todo árbitro precisa, o físico, ela aproveita para ter Larissa por perto. Para Ana essa é a maior prova do incentivo que recebe dentro de casa. "Sempre que preciso que me acompanhe nos meus treinamentos físicos para fazer algumas anotações e marcar os tempos da corrida ela nunca se nega, dando o maior apoio e incentivo. Ela faz e gosta muito de treinar em academia e sempre que posso treinamos juntas."
Com tanta influência em casa será que o destino da adolescente será o mesmo da mãe. Se depender de Ana Karina não vai ter problema. Aliás, só incentivo. Mas, pelo menos até agora, o caminho vai ser bem diferente. Ela quer ser médica. "Eu incentivaria. Iria adorar a ideia de poder atuar com minha filha. Mas o foco dela está voltado a Medicina mesmo. Gosto também dessa determinação dela. Puxou à mãe", diz, disse, rindo.
A dificuldade que ela admite, é ter outro filho. Por vários fatores que a vida como árbitra de futebol dificultam. O primeiro é o tempo que ela teria que se dedicar um recém-nascido. Depois, teria que recuperar a forma física, que, assim como para os atletas, é um dos pilares para quem atua dentro das quatro linhas.
"Ser mulher e mãe requer uma atenção e dedicação muito maior, pois além de tudo ainda trabalho na prefeitura de Ipojuca e talvez quando retornasse as oportunidades não seriam as mesmas".