A má-noticia veio pelas ondas do rádio.
O presidente da Federação, Evandro Carvalho, tal como um corvo agourento, revelou sorumbático na resenha que o Brasileirão vai ter jogos à meia-noite.
Um arrepio de pânico subiu na espinha dos cronistas esportivos.
E a gente reclamando das partidas às 22h nas quartas ou dos embalos de sábado à noite programados para o mesmo horário no Brasileiro desse ano. Fichinha.
É, meu velho Murphy, tua lei é de lei: nada está tão ruim que não possa piorar.
Vão vender o Campeonato Brasileiro para a China e, para ajustar os (con)fusos-horários, as partidas vão começar à meia-noite. Numa forma de compensar o adiantado da hora, vão abrir os portões.
Negócio da China, garantem.
Os chineses prometeram pagar um milhão por jogo. Pelo horário, é pouco. Tinha que ser um milhão, acompanhado de rolinho-primavera e arroz chop-suey. E de quebra liberar o saquê nos estádios.
Fiquei imaginando um jogo na Arena Pernambuco nesse horário. Se agora, já parece um cemitério, à meia-noite quem vai receber o torcedor é um coveiro, com a pá na mão e tudo. Troca a cadeira por uma cova e pronto.
A vantagem é que na hora que acabar a partida, alta madrugada, o metrô já vai estar funcionando.
De olho no marketing, os clubes lançarão pijamas estilizados, com o escudo e a marca do patrocinador estampados, além de pantufas. E se não quiser comprar o original, os chineses garantem a falsificação por um preço mais em conta.
O grito de gol, porém, vai ter que ser bem baixinho, para não acordar o torcedor do lado. Bocejar vai ser permitido, mas não roncar, sob risco de o clube ser punido com a perda de pontos.
Mas o pior de tudo, mesmo, é que se o seu time perder, como você não dormiu, nem vai poder achar que tudo não passou de um pesadelo.
Descanse em paz, futebol brasileiro.
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