Resiliência é a qualidade que alguns metais têm de voltarem à forma original após serem dobrados ou contorcidos até quase partirem.
Betinho pode não ter qualidade no drible, nem tanta velocidade assim, características que poderiam sepultar a carreira de um jogador profissional. Poderia, não fosse o atacante do Santa Cruz resiliente a pressões e frustrações.
O gol no clássico contra o Náutico, que deu a vitória e um sopro de vida ao Santa Cruz, foi um prêmio à resiliência do jogador.
A vida de Betinho não tem sido fácil, desde a chegada da concorrência pesada de Anderson Aquino e Bruno Mineiro, sinal de que o banco de reservas poderia ser uma realidade, passando por boatos de que seria emprestado.
Era até justo se ele tivesse se curvado aos fatos até o ponto de quebrar. Mas não. O sinal de resiliência veio na boa atuação na primeira vitória coral, com duas belíssimas e precisas assistências para os gols da vitória.
Veio o jogo com o Salgueiro e mais um teste. A marcação implacável e até surreal da trave, três bolas que poderiam ser três gols. Betinho sofreu um novo golpe, balançou, envergou, mas, resiliente, voltou à posição original.
O clássico já chegava ao fim, mas antes que a cortina baixasse, um descuido da zaga alvirrubra, uma jogada de velocidade e o cruzamento rasteiro. Não havia ninguém para dar uma assistência perfeita. Era só Betinho, as traves e seus demônios.
Devidamente exorcizados assim que a bola cruzou a linha.