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O "doutor Evandro" tem a coroa e o cetro, mas manda cada vez menos

Ramon Andrade
Ramon Andrade
Publicado em 27/01/2015 às 9:48

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Hoje o presidente da Federação Pernambucana de Futebol caminha altivo, os firmes passos amortecidos por lustrosos sapatos italianos, o queixo em riste, olhando a todos por cima dos ombros confortavelmente acomodados num impecável terno cortado sob medida.

Mas nem sempre foi assim.

Há uns 20 anos, ainda como estagiário do JC, fui enviado à FPF para tirar uma teima com o então advogado da "Mentora", provavelmente sobre alguma polêmica no Pernambucano, pois querelas envolvendo o regulamento do Estadual são tão antigas quanto andar para frente.

Depois de cruzar os labirínticos corredores do prédio na rua Dom Bosco, guiado por sonolentos funcionários com cigarros entre os dedos, finalmente encontrei o "doutor Evandro", arrastando uma pasta de couro já puído, engolido por um terno dois números acima do dele, provavelmente comprado na Mesbla.

O "doutor Evandro" venceu na vida, deixou a apertada salinha nos fundos do prédio e hoje ocupa o espaçoso escritório da Presidência. É no papel a principal autoridade do nosso futebol, mas isso necessariamente não quer dizer que dá as cartas. Assim como a rainha da Inglaterra, tem a coroa e o cetro, mas na prática manda cada vez menos.

Pressionado pela CBF, já não é mais o "doutor Evandro" quem decide quando a sua principal competição tem início, obrigando-o a um recuo vexatório, mas estratégico até dezembro do ano anterior. A emissora que banca o evento há tempos é quem dita os horários dos jogos, enquanto as organizadas vêm forçando a constantes mudanças da datas de partidas previamente já marcadas.

Agora, como se não bastasse, a Arena e seu poderio econômico botaram em xeque o regulamento, jogando para o escanteio um de seus preceitos básicos, o do mando de campo. Talvez cansado de mais um revés, lavou as mãos e empurrou a responsabilidade para os clubes.

Reconheço que ele não tem muito o que fazer. Também não sei onde isso vai parar. Mas fiquei com a impressão que o "doutor Evandro" de 20 anos atrás, espremido numa salinha nos fundos da FPF, mandava mais no Estadual que a versão atual, com o lustroso sapato de couro e o terno sob medida, sentado na cadeira de presidente.

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