A vinda de Levir Culpi para o Sport em 2001 começou a ser rascunhada no final de 2000. O então comandante leonino, Emerson Leão, dividia o clube da Ilha com a seleção brasileira e a exclusvidade à canarinha estava prevista depois da participação rubro-negra na Copa João Havelange, o Brasileirão daquele ano. A diretoria recém-empossada negociou, mas o salário do técnico estourava o orçamento. Mas bastou perder o primeiro turno do Estadual que poderia render o inédito hexacampeonato aos leões que o dinheiro brotava em qualquer canteiro da Ilha do Retiro. Levir veio, viu e não venceu, deixando um rastro de insatisfação e diversas críticas aos seus trabalhos, considerados positivos no Cruzeiro e São Paulo, os dois times em que trabalhou antes de desembarcar no Recife.
Desembarque este, que surpreendeu o técnico, tamanho era o entusiasmo das dezenas de torcedores presentes. "Quer jogar? Quer jogar? O Levir vai te ensinar!", cantavam os rubro-negros, parodiando O Bonde do Tigrão, música onipresente na época. Ele estava há três meses sem trabalhar e confessou ter baixado sua faixa salarial para acertar com o clube pernambucano. Era uma sexta-feira, 16 de março. Dali a dois dias o Sport enfrentaria o Náutico, pela Copa do Nordeste, na Ilha do Retiro. O ex-zagueiro, que defendera o Santa Cruz no final dos anos 1970, queria ir para o banco, mesmo com o tempo exíguo para trabalhar. Ele substituía Jair Pereira e vinha com contrato apenas para o Estadual.
Levir topou o desafio de ir para o banco mal decorando os nomes de todos os jogadores. Viu o timbu voar em campo, vencer por 2x1 e a torcida adversária ironizar: "Ei, Levir, pede pra sair!" Na concorrida coletiva depois do jogo reconheceu que teria muito trabalho, pois "o time não tem um esquema".
Passou a ter mas sem variar virou presa fácil. O técnico insistia sempre que o time jogasse em troca de passes rápidas pelo meio da defesa adversária. Quando o rival se fechava, o Sport era anulado. Mesmo assim reagiu e chegou a liderar o primeiro turno do Campeonato Pernambucano, mas na reta final ficou atrás de Náutico e Santa Cruz. Na Copa do Brasil, vexame ao cair frente ao Flamengo do Piauí na segunda fase.
O melhor momento do técnico ficou para a Copa do Nordeste. De quase eliminado, o Leão ficou com a quarta e última vaga. Pelo regulamento, o primeiro colocado enfrentaria o quarto e o segundo e o terceiro fariam a outra semifinal em jogo único, na casa do time de melhor campanha. Liderados pelo veterano meia Valdo, os rubro-negros surpreenderam o Náutico, maior algoz na temporada, ao vencerem por 1x0, gol de Ricardinho. Mas a realidade foi dura na decisão contra o Bahia, na ainda antiga Fonte Nova. Dominado do começo ao fim, o Sport só perdeu por 3x1 devido a uma das maiores atuações da carreira do goleiro Zetti.
Todo esse acúmulo de fiascos explodiu logo na primeira rodada do segundo turno, quando o time perdeu para o Central por 1x0, em Caruaru. No dia seguinte, 28 de maio, terminava sem brilho um dos maiores investimentos num técnico já feitos por um clube pernambucano. No total, foram 25 jogos, com 14 vitórias, três empates e oito derrotas. O aproveitamento foi de 60% dos pontos.
Copa do Nordeste
Bahia 3x1 Sport
Náutico 0x1 Sport
Sport 3x1 Botafogo-PB
Sport 0x1 CSA
ABC 1x2 Sport
CSA 3x4 Sport
Sport 3x0 Ceará
Sergipe 2x3 Sport
Sport 1x2 Náutico
Copa do Brasil
Flamengo-PI 2x0 Sport
Sport 1x0 Flamengo-PI
Sport 0x1 CSA
CSA 3x4 Sport
Campeonato Pernambucano
Náutico 2x0 Sport
Sport 2x0 Santa Cruz
Centro Limoeirense 2x2 Sport
Sport 3x0 AGA
Sport 6x0 Vitória
Ferroviário(ST) 0x0 Sport
Sport 5x2 Central
Recife 0x2 Sport
Porto 1x3 Sport
Sport 1x2 Náutico
Santa Cruz 1x1 Sport
Central 1x0 Sport