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1978: o meu Contador de Histórias e Herói

Thiago Wagner
Thiago Wagner
Publicado em 21/04/2014 às 11:01

Por Alessandro Matias*

Ontem foi embora mais um herói. Aquele ícone que me fez gostar e amar futebol. Para muitos, exageros de um escritor que quer chamar a atenção para o texto. Explico.

Imagine os anos de 1977/78. Neste período eu cheguei em Recife para morar, como faço até hoje. Nesta década a cidade e o mundo eram, literalmente, diferentes.

Fui morar na praia de Piedade. Hoje é simples (se retirarmos os engarrafamentos) dizer que mora lá. Para se ter uma pequena ideia, o bairro se comportava como uma praia de veraneio. Para ir a Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, era preciso se encaminhar pelo bairro da Imbiribeira ou, no máximo, encarar o asfalto até um pouco antes do Hospital da Aeronáutica ( pela Avenida Boa Viagem).

De resto, era apenas mato, pés de cajú e areia preta. Muita!

Cheguei criança, claro... Talvez o futebol ainda não estivesse na minha alma como ficou, ao longo dos anos, eternizado. E não estava. O esforço do meu pai para me fazer um torcedor do Sport foi grande. Imagine uma criança sem vínculo com o clube, morando longe e ouvindo apenas que o Corinthians, Flamengo, Vasco, Grêmio e Inter eram os melhores? E onde entra Luciano do Valle?

Calma... Continue imaginando aquele tempo. Nele não tinha esta pressa de chegar nos ''finalmentes", como hoje. A tecnologia retirou o basilar do homem, que é ter calma, ler com atenção e IMAGINAR. Esta é a palavra chave do texto: I-M-A-G-I-N-A-R.

A leitura de hoje é vítima de descargas de informações na internet. Infelizmente.

Voltando aos anos 70...

Esqueçam internet e operadoras de comunicação. Celular? Quem falasse sobre isso era dado como um lunático. O universo se resumia ao rádio, apenas, e as televisões não eram esta magia de tecnologia e de câmeras. Pouco se tinha de imagem.

A primeira cena que lembro ao falar deste herói (Luciano) é o Brasil disputando a Copa do Mundo da Argentina, a sua "maior" rival.

Lembro do que eu, como criança, tinha em mente naqueles momentos de imagem e áudio (mais áudio do que imagem, claro!). E Luciano, como um contador de histórias, me repassava tudo o que eu gostaria que fosse contado como nos dias de hoje.

Das poucas referências visuais que tive, todas eram imagens borradas e com pouca qualidade. A qualidade das transmissões era assim. Lembro dos calções e camisas compridas e ao mesmo tempo apertadas nos atletas... O que para os dias de hoje seria uma moda "feia". O restante da Copa foi o Contador de Histórias quem me relatou.

O Brasil, como todos sabem, não ganhou o torneio mundial, porém eu ganhei uma das coisas mais belas e que me fascina até hoje, o Futebol.

Talvez eu não tivesse conhecido os colegas de escola, os amigos de rua, não tivesse participado dos times de bairro e nem a vida sadia que tive. O pior? Não teria vestido o uniforme do clube de coração e jogado nele anos mais tarde.

É, seu Luciano, a responsabilidade foi grande! A mensagem chegou e surtiu o efeito desejado.

Não vou ousar em dizer que hoje é muito fácil fazer uma locução de jogo. Claro que não é. Porém, Luciano abriu o caminho de um mundo que pouco se tinha conhecimento (comparando com hoje). A voz dele gritando gol foi um marco inicial, e todos os que fazem futebol hoje são um pouco dele. Luciano não tinha concorrente. Ele era o Pelé da voz e do saber contar uma história.

Obrigado Luciano do Valle.

* Alessandro Matias é torcedor do Sport e responsável pelo site Eu Pratico Sport.

O texto não reflete necessariamente a opinião do Blog do Torcedor.

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