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Homenagem a Luciano do Valle

Ramon Andrade
Ramon Andrade
Publicado em 20/04/2014 às 11:21

Lembro como se fosse hoje a preparação da minha família para assistir aos jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1982. Eu ainda não tinha ideia do quanto era importante o Mundial. Mas a comoção da família e da minha vizinhança era algo fantástico.

Minha mãe colocava o aparelho 3em1 bem próximo da porta da sala e os caixas para fora de casa, no terraço. Ficava sem entender aquilo. Meia hora antes de a bola começar a rolar, já estávamos diante da TV. A primeira partida era Brasil x URSS, transmitida ao vivo pela Rede Globo, direto de Sevilha.

A voz marcante da transmissão era dele: Luciano do Valle.  Gostava demais de ouvi-lo. A emoção transbordava na tela. O som da TV fica alto para que a gente sentisse a adrenalina do jogo em cada lance. Tudo graças a seu talento. Quando o Brasil sofreu o gol de Bal, num frangaço de Valdir Peres, a tristeza em sua voz contaminava a sala. Todos abatidos.

O Brasil sofreu em campo. Luciano sofria também. Ficava angustiado com o fato de o Brasil lutar e não conseguir furar o bloqueio russo. Nós íamos com ele. Pela primeira vez eu estava envolvido com o futebol de uma maneira maluca. Mas aí veio os dois golaços da seleção. Sócrates e Éder. Valle explodia a alegria do povo brasileiro. No final do jogo, passei a entender o aparelho 3em1 no terraço: as marchinhas da seleção ("Eu te amo meu Brasil", "Pra frente Brasil") eram tocadas a todo volume.

Passei a acompanhar as transmissões dos jogos de futebol na TV graças a Luciano do Valle. Na época, poucos jogos eram transmitidos. Na Copa do Mundo de 1986, ele não foi mais o narrador oficial da Rede Globo. Já estava em outra emissora. E o domingo ficou esportivo. Luciano estava na Band, comandando uma equipe esportiva gigante e nos premiando com o Show do Esporte: o domingo inteiro de tramissões esportivas, que começavam com os jogos do campeonato italiano. Em seguida, tínhamos as transmissões de jogos de sinuca (Com Ruy Chapéu), boxe (Maguila), Copa do Mundo de Futebol Masters e outras modalidades pouco vistas na TV até então.

 

Depois, Luciano promoveu um projeto bacana: o Verão Vivo.  As trasmissões aconteciam diretamente do litoral paulista. Com jogos, entrevistas e atrações musicais. Acredito que esse projeto foi que o fez aterrissar no Recife e fortalecer seu elo com a capital pernambucana. Foi Luciano que enxergou o potencial televiso do Campeonato Pernambucano. Os jogos começaram a ser transmitidos pela TV graças a sua ousadia. Luciano não era estrela e viajava para interior fazendo da competição uma verdadeira festa.

Em 2001, tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Naquele ano, ao lado de Gustavo Aguiar e do jornalista Hugo Figueiredo, amigo de faculdade, organizamos a Copa do Nordeste de Futebol Juniores. Luciano do Valle transmitiu a grande final, direto dos Aflitos, entre Sport e Bahia.

Na noite do dia 19 de abril, Luciano do Valle se foi. Deixou órfão uma legião de fãs da minha geração que, começavam a amar futebol ouvindo suas transmissões. Um entusiasta do esporte. Um profissional simples, dedicado e que amava o seu ofício. E que soube como poucos contagiar a emoção o povo brasileiro através da sua voz inconfundível.

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