No espaço cultural Arte Plenna, local onde são confeccionadas as roupas e outros detalhes do Galo da Madrugada, Leopoldo Nóbrega se dividia com maestria entre as inúmeras ligações e demandas que surgiam de colaboradores do espaço. Conseguiu, em alguns momentos, falar com ao telefone, conversar com a figurinista na sala e se comunicar através de gesticulações com este repórter que vos escreve. É a realidade do artista que assina a famosa alegoria do Carnaval recifense.
Neste ano, ele chega chega à Ponte Duarte Coelho travestido de Galo Artesão. Trata-se de uma forma de estimular a recuperação do espírito artesanal pernambucano e incentivar a utilização de tecnologias sustentáveis que devem desaguar em projetos sustentáveis desenvolvidos a partir da montagem da peça no seu espaço cultural, chamado Arte Plenna.
"Cada detalhe do Galo ele tem uma técnica, acabamento ou insumo que é bem característico. Dentro desse contexto artesanal, que é intrínseco ao processo, queríamos agregar tecnologias que a gente pudesse se comunicar com mundo de forma estratégica", explica o artista.
O objetivo é que, a partir de ações pós Galo da Madrugada, estimule-se o espírito artesão pernambucano. Essas ações passam pela periferia urbana do Recife, visam instigar o espirito da sustentabilidade no polo das confecções de Toritama e propõem, principalmente, um resgate da identidade das esculturas do Alto do Moura, em Caruaru.
Confira:
Primeiras imagens da estrutura do Galo da Madrugada
As primeiras imagens da estrutura do Galo da Madrugada foram feitas nessa quarta-feira (20). Confira como está o Galo Artesão:
Roupa do Galo da Madrugada, uma conexão Toritama - Recife
De acordo com Leopoldo Nóbrega, levar as técnicas utilizadas na costura e reaproveitamento da roupa do Galo Artesão para Toritama seria uma forma de inovar a cultura de jeans de forma a torná-la sustentável e, com isso, devolver-lhe a identidade perdida entre o grande maquinário do polo polo têxtil.
Leopoldo Nóbrega , artista que assina o Galo da Madrugada (Imagem: Victor Augusto / JC)
"A roupa do Galo é 50% feita com resíduos do polo de confecção de Pernambuco. (...) Acho que O Galo vai trazer muitas propostas visuais que as pessoas podem olhar e achar criativo e diferente. Se isso for associado à questão dos resíduos ou a possibilidade de transformá-los em insumo, seria ótimo. Se isso vira um conjunto de almofadas, por exemplo, feito da pele do Galo, esse produto pode ser vendido e gera uma rentabilidade", conta o estilista.
Da argila, a arte
Mestre ceramicista, Leopoldo quis trazer a arte do barro e da argila para o Galo da Madrugada. As jóias, ou "ecojóias", são pequenos adereços que devem ficar "pendurados" na alegoria, são feitos de isopor, pintados com argila líquida e revestidos com materiais brilhosos.
Leopoldo Nóbrega ao lado das jóias do Galo Artesão (Imagem: Victor Augusto / JC)
"São joias de barro com detalhes dourados produzidos a partir de resíduos de barro. São ecojoias porque reaproveitamos isopor e materiais plásticos metálicos. O terceiro insumo é a argila. A pintura dela é 100% natural, feita a partir de argilas que coletamos após um festival na Usina Santa Terezinha".
E a crista?
A crista do Galo, conta Leopoldo, dá lugar à uma cabeleira de plástico que deu um tom diferenciado à alegoria: "O cabelo, no caso a crista, é feita toda com mangueira plástica. Parte dela foi reciclada, e com um pouco mais de tempo, a gente conseguiria que ela fosse 100% reciclada. Como as mangueiras tem diferentes dimensões, ficou uma cabeleira linda!", garante o artista.
