Enquanto o ódio continua a exterminar a população transgênera no País, a fotografia surge como forma de sensibilizar e denunciar a violência física e simbólica que agride essas pessoas. No sentido de expor essas violações, o Salão Universitário de Arte Contemporânea do Sesc PE (Unico) recebe a exposição TransVive. O lançamento do salão acontece às 19h desta quinta (18) na Galeria de Artes Corbiniano Lins, em Santo Amaro.
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Idealizada e executada por Thiago Britto, estudante de fotografia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), TransVive se trata de foto-instalação composta por 12 fotos tamanho A3 e clipping de matérias que expõem a violência e o preconceito cotidiano dos transgêneros do Brasil.
(Imagem: Thiago Britto)
O fotógrafo procurou pessoas trans para conversar e conhecer um pouco de sua história em um processo delicado de aproximação. A inspiração vem dos elementos de pesquisa da arte performática, com intuito de reforçar o sentimento da imagem utilizando escrituras pintadas na pele. São frases que o modelo trans sempre ouvia ou ouve até até os dias atuais. Dessa forma, procurou-se o olhar verdadeiro, tomado por emoções, histórias escondidas e profundas.
O trabalho consiste em geral uma reflexão nas sociedade sobre o numero alarmante de casos de violências e agressões a pessoas trans. Sempre escutei histórias de diversos casos de preconceitos contra transexuais, e como gosto de trabalhar com pessoas no modo geral nas minhas fotografias, pensei em produzir algo que abordasse essa temática para fazer a sociedade refletir sobre o modo como são tratados e que, a partir daí, mudem o comportamento. A violência não está somente na agressão física, mas também nas palavras e isso as vezes machuca muito mais do que um tapa na cara. Um transexual não é uma pessoa diferente de mim ou de você é apenas um ser humano que nasceu num corpo errado e que merece respeito como qualquer um.Thiago Britto sobre a exposição TransVive
Violência em números e nome
Quando Dandara dos Santos foi agredida, ainda em 2017, por pelo menos três homens em uma rua de Fortaleza, anunciava-se que tempos ainda mais sombrios chegavam para a população trans. No vídeo que circulou na internet, os torturadores gritavam que a agrediam somente pela sua condição. As imagens, porém, se encerraram antes do tiro que pôs fim à vida da cidadã.
Somente no ano em que Dandara foi torturada e executada, foram contabilizados 179 assassinatos de travestis ou transexuais. Isso significa que, a cada 48 horas, uma pessoa trans é assassinada no Brasil. Os números são da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).