Bruna Linzmeyer explica que seu posicionamento como lésbica é um ato político

Igor Guaraná
Igor Guaraná
Publicado em 14/08/2018 às 17:18
Bruna Linzmeyer - Crédito: Reprodução / Instagram
Bruna Linzmeyer - Crédito: Reprodução / Instagram

Bruna Linzmeyer concedeu uma entrevista para à revista Donna, do Festival de Gramado, e explicou a política por traz do posicionamento como lésbica. Hoje, a atriz namora a artista visual Priscila Visman, com quem compartilha vários momentos felizes. Ela elucidou o quão machista, preconceituoso e misógina é a sociedade para aceitar alguns termos.

"É um ato político usar essa palavra. Porque eu, como ser humano, não quero ser reduzida por essa palavra em nenhuma esfera. Se fosse pensar na minha sexualidade, a minha sexualidade é livre: quero, posso e vou ficar com quem eu quiser. Existe até um nome para isso, que é pansexual ou panafetiva. Vou me relacionar com seres humanos, não importa o gênero deles, a sexualidade, com o que ele se identifica. Mas o uso da palavra lésbica, porque também sou lésbica, não sou só lésbica, é importante para o ato de luta. As pessoas falam pouco a palavra lésbica, né. Além de ser homoafetiva ou homossexual, eu ainda sou mulher. E é isso que a palavra lésbica traz. Há um preconceito, um machismo e misoginia porque é mulher e também porque namora outras mulheres. Por isso o uso dessa palavra é importante. Mas considero a minha existência, o meu corpo e o meu prazer muito maior do que qualquer caixinha", esclarece.

A artista diz que, entre a classe artística, a representatividade e o posicionamento envolvem poucas mulheres em comparação ao número de homens gays. "Tanto no cinema quanto na televisão, a representatividade homossexual ainda é muito sobre os homens gays, pouco sobre as mulheres lésbicas. Acho que a gente precisa falar mais sobre todas as minorias políticas e a gente também precisa dar mais espaço neste segmento específico para as mulheres lésbicas. Já tiveram outros, mas a maneira como está sendo tratada agora a história da Nanda (referindo-se a Nanda Costa e Lan Lahn), é linda. É muito importante. O que representatividade traz é pertencimento. Não sou estranha, não estou doente. Não tem nada de errado comigo. Quem está doente são vocês que estão achando meu amor estranho. É isso que representatividade traz. É muito importante tanto na narrativa, quanto na vida, nas ruas. Eu boto a maior fé, tipo: “Galera, só vive feliz. Só anda na rua e faz o que quiser porque você pode”.

Ainda na entrevista, a intérprete fala do suporte familiar que teve. O diálogo e o descobrimento em conjunto é importantíssimo. "Meus pais são maravilhosos, eles super me apoiam. Claro que, junto comigo, também enfrentaram algumas coisas, mas foi muito importante o apoio deles. Tanto de eles falarem: 'Acho um pouco estranho, não estava preparado para isso, mas eu te amo, você é minha filha e quero que seja feliz. Vamos junto nessa caminhada, quero aprender junto com você'. Essa atitude é a mais importante e mais bonita. Conseguir se conectar com o amor, com coisas que seu filho tenha para ensinar ou descobrir junto com você. Abrir o diálogo, e não ter uma atitude radical. E meus pais foram maravilhosos, por mais que sejam pessoas muito simples do interior", finaliza.

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