Heloisa Villela, jornalista da Record, assume câncer e recusa peruca

Victor Augusto
Victor Augusto
Publicado em 12/06/2018 às 10:37
Heloisa Villela (Imagem: Reprodução)
Heloisa Villela (Imagem: Reprodução)

Heloisa Villela descobriu que estava com câncer de mama em agosto do ano passado em Nova York, onde trabalha como correspondente internacional da Record. O câncer, além de ser de um tipo mais agressivo, já se encontrava em um estado avançado.

Após a descoberta, enfrentou seis sessões de quimioterapia e se encontra quase curada atualmente. Hoje, Heloisa Villela participa de uma pesquisa científica que visa substituir nódulos linfáticos pela radiação, o que evitaria o linfedema (inchaço em um braço ou perna, causado por uma obstrução do sistema linfático).  Foi justamente em uma matéria sobre essa pesquisa que a jornalista revelou sua doença em rede nacional.

Desde esse momento, recusou a peruca e assumiu seus cabelos grisalhos nas suas aparições no Jornal da Record. Ao site Notícias da TV, a jornalista experiente falou sobre a difícil e cansativa luta contra o câncer. Confira trechos da entrevista de Heloisa Villela:

Primeira semana de Heloisa Villela e a doença

Por sorte, na semana em que eu descobri, meu filho não estava em casa, estava viajando com o pai, numa colônia de férias. Não tinha ninguém em casa. Então eu chorei a semana inteira. Eu chorava e parava, parava e chorava. Você começa a pensar em tudo o que você vai passar e não sabe se vai ter uma solução, se vai morrer por causa da doença.

Tipo de câncer

Estou fazendo um tratamento preventivo porque o meu tipo de câncer é um tipo que tem um receptor chamado HER-2, que é uma proteína. O câncer de mama tem, em geral, três tipos: com o receptor estrogênio, progesterona e o dessa proteína. Existe também o que é triplo negativo, que não tem nenhum desses três receptores. Esse receptor é como se fosse o encaixe que a célula cancerígena tem.

A Medicina conseguiu desenvolver recentemente dois remédios que se encaixam ali e destróem o câncer. Então, eu sou muito privilegiada, com muita sorte, porque esses remédios estão no mercado daqui dos Estados Unidos há uns cinco anos.

Pesquisar para melhorar o futuro

Faço parte de uma pesquisa que consiste em não tirar todos os nódulos linfáticos, todos os linfonodos debaixo do braço. E, ao invés de os retirar, tratar com radiação. Essa é a parte experimental. As indicações que eles têm é de que isso é tão eficiente quanto você os retirar, então é melhor não retirar porque evita certos efeitos, certas consequências desagradáveis, como o linfedema. O estudo quer saber se a radiação é uma forma tão eficiente quanto a retirada de todos os nódulos na hora de evitar a volta da doença.

Parar de trabalhar?

Eu não parei de trabalhar. Faltei muitos dias, né? Mas eu não parei de trabalhar, não. A minha médica sugeriu que eu continuasse trabalhando o quanto pudesse, pra ajudar a cabeça, pra não ficar vivendo só aquela coisa do câncer, , do tratamento. A Record foi maravilhosa comigo, me deu carta branca para eu fazer o que eu quisesse, na hora em que eu quisesse. Então, nos dias em que eu estava mal da quimioterapia eu não trabalhava, e depois, quando eu começava a melhorar, eu voltava a trabalhar aos pouquinhos, e fazia o quanto podia.

Assumir os cabelos

Depois que eu descobri o câncer, passei a tirar da minha vida tudo que pudesse ser tóxico. Eu mudei o tipo de xampu que eu uso, o tipo de sabonete, de desodorante. Só como comida orgânica. Fiz todas essas coisas. Não vou botar uma química no meu cabelo, né? Sempre tive vontade de usar o cabelo natural e não fazia por conta da TV.

Um conselho para as mulheres

Façam o mamograma todo ano. Nunca percam o prazo. Façam sempre direitinho, porque se você tiver que passar por isso, quanto mais cedo você pegar, melhor. Hoje em dia cada vez mais você tem alternativas e, se pegar muito cedo, vai ser bem tranquilo.

O melhor é fazer seus exames, ter tudo em dia e procurar um médico assim que descobrir ou desconfiar de algo. E não pensar no câncer como a gente pensava antigamente, como uma sentença de morte. A cada dia que passa ele se torna uma doença crônica e [você] vai conviver com o que tiver que conviver. Cada vez se morre menos de câncer. Ainda se morre muito, claro, mas cada vez menos. O jeito é não se desesperar. Tem saída.

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