Era o primeiro show da turnê De Santo Amaro a Xerém, de Maria Bethânia e Zeca Pagodinho, sábado (7), no Classic Hall, em Olinda, e eles já tão entrosados e cúmplices... "Tenho que estar perfeito... Bonito eu sei que estou. Tô obedecendo a ela, que ela manda, ela é chefe", disse Zeca, mais pro início da apresentação, com graça, referindo-se ao rigor por que Bethânia é conhecida. Entre trocas de carinho e reverência mútua, noite afora, ela, dama dos palcos, e ele, figura das rodas de samba, funcionam de um jeito que a gente é incapaz de prever antes.
Ponto alto quando, sozinha, Bethânia ataca de Ronda e Negue. Não há uma pessoa que fique imune à dose. Outro ápice, mais pro fim, é quando Zeca - convencido por Bethânia de que é um grande intérprete - sai do pagode e canta Naquela Mesa (Sérgio Bittencourt), com especial emoção. Revela que Bethânia o fez cantar o que nunca havia cantado. E também que o fez ensaiar - "Tem que ensaiar, Zeca", solta ela. "Você não gosta de Sílvio...?", questiona Bethânia, antes dele cantar Chão de Estrelas, de Sílvio Caldas, guardada na memória afetiva musical do carioca. Entende-se, então, porque Zeca a chama de rainha.
A turnê De Santo Amaro a Xerém faz sessões em Salvador, dia 14; Rio de Janeiro, 21; Belo Horizonte, 5 de maio; São Paulo, 18 e 19 de maio, e Brasília, 30 de maio.