Oscar consagra fábula e celebra latinos

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 05/03/2018 às 10:47
Guillermo del Toro, imigrante e agora, o melhor diretor, segundo Hollywood
Guillermo del Toro, imigrante e agora, o melhor diretor, segundo Hollywood

Thiago Soares

Especial para o Social1

Parece que os ânimos em Hollywood se acalmaram, depois de uma temporada com muito ativismo e discursos-protesto como no Globo de Ouro e no SAG Awards. A 90a. edição do Oscar transcorreu sem maiores alardes, com até certa previsibilidade, e consagrou a fábula de amor entre uma faxineira muda e um monstro aquático, "A Forma da Água", como melhor filme. A obra levou 4 estatuetas, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor (Guillermo del Toro), Melhor Trilha Sonora e Melhor Direção de Arte.

Ao agradecer o prêmio, Del Toro (autor também de "O Labirinto do Fauno"), lembrou do tempo em que via filmes americanos nos cinemas do México, sua terra natal, e citou abertamente o filme "E.T. - O Extraterrestre", de Steven Spielberg, inspiração para o roteiro de "A Forma da Água".

Guillerme del Toro: melhor diretor

Guillermo, o melhor diretor

Se pudermos fazer um recorte geográfico, o Oscar deu destaque para a América Latina, na medida em que consagrou um cineasta mexicano (Guillermo del Toro), premiou "Viva - A Vida é uma Festa", como melhor animação, que trata da "dia dos mortos", celebração da cultura popular mexicana e entregou a estatueta de Melhor Filme Estrangeiro para "Uma Mulher Fantástica", produção chilena sobre uma personagem trans que precisa lidar com os trâmites legais e afetivos decorrentes da morte de seu marido.

Divulgação

Viva, melhor animação

Destaque porque a atriz principal de "Uma Mulher Fantástica" é trans na vida real (Daniela Vega), a temática gay também foi premiada através do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado para "Me Chame pelo Seu Nome", filme escrito por James Ivory sobre a relação afetiva entre um jovem e um pesquisador que visita a casa de seus pais numa idílica Itália nos anos 80. Aliás James Ivory foi a pessoa mais velha a receber a premiação aos 89 anos.

Gary Oldman, o Chuchill, venceu melhor ator

Sem surpresas, as estatuetas de atuação saíram para Gary Oldman (Melhor Ator por "O Destino de uma Nação"), Frances McDormand (Melhor Atriz por "Três Anúncios para um Crime"), Allison Janney (Melhor Atriz Coadjuvante para "Eu, Tonya") e Sam Rockwell (Melhor Ator Coadjuvante por "Três Anúncios para um Crime") - repetindo a leva de outras premiações prévias, SAG Awards, BAFTA, etc.

Entre os prêmios técnicos, com êxitos para "Dunkirk" (Melhor Som, Efeitos Sonoros e Edição), o destaque acabou sendo a premiação do veterano diretor de fotografia Roger Deakins, por "Blade Runner 2049"), que já tinha sido indicado outras 14 vezes (a primeira em 1995) e só agora foi agraciado com o prêmio.

O momento ativismo da festa foi discreto, com um vídeo institucional sobre assédio a partir de ações da Times Up, e no discurso da melhor atriz Frances McDormand, que pediu que as mulheres se levantassem para serem aplaudidas (entre outras, a diretora Greta Gerwin, de "Lady Bird", apenas a quinta mulher a ser indicada a melhor diretora em noventa anos de premiação). O tom da festa foi asséptico, burocrático, refletindo a tensão e o impasse que Hollywood vive hoje com inúmeros casos de assédio e a possibilidade de novos nomes circularem. Entre suspeitos e feridos, um clima de "festa estranha" pairou no ar quando a Academia resolveu homenagear filmes com temáticas militares - num momento em que os Estados Unidos debatem amplamente a questão armamentista. No mínino desconfortável.

 

Confira os vencedores

Melhor filme:

"A Forma da Água"

Melhor diretor:

Guillermo del Toro, "A Forma da Água"

Melhor ator:

Gary Oldman, "O destino de uma nação"

Melhor atriz:

Frances McDormand, "Três anúncios para um crime"

Melhor ator coadjuvante:

Sam Rockwell, "Três anúncios para um crime"

Melhor atriz coadjuvante:

Allison Janney, "Eu, Tonya"

Melhor animação:

"Viva - a Vida é uma Festa"

Melhores efeitos visuais:

"Blade Runner 2049"

Melhor roteiro original:

"Corra!"

Melhor roteiro adaptado:

"Me chame pelo seu nome"

Melhor fotografia:

“Blade Runner 2049”

Melhor edição:

"Dunkirk"

Melhor edição de som:

“Dunkirk”

Melhor mixagem de som:

"Dunkirk"

Melhor figurino:

"Trama Fantasma"

Melhor maquiagem e cabelo:

"O Destino de Uma Nação"

Melhor trilha sonora:

"A forma da água"

Melhor design de produção:

“A forma da água”

Melhor canção:

"Remenber me" ("Viva - A vida é uma festa")

Melhor documentário:

"Icarus"

Melhor documentário curta:

Heaven Is a Traffic Jam on the 405

Melhor curta:

"The silent Child"

Melhor curta de animação:

“Dear Basketball”

Melhor filme estrangeiro:

"A fantastic woman" (Chile)

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