Meryl Streep critica Donald Trump em discurso no Globo de Ouro

Anneliese Pires
Anneliese Pires
Publicado em 09/01/2017 às 9:19
Maryl Streep foi homenageada pelo conjunto da obra no Globo de Ouro
Maryl Streep foi homenageada pelo conjunto da obra no Globo de Ouro

Em discurso emocionado e político, a atriz Meryl Streep celebrou a presença de estrangeiros, especialmente no cinema de Hollywood, ao ser homenageada na noite deste domingo (8) no Globo de Ouro 2017. Ela recebeu o Cecil B. DeMille Award, prêmio pelo conjunto da obra e fez um,a crítica elegante e comovente contra a xenofobia crescente nos Estados Unidos. "Hollywood está repleta de forasteiros e estrangeiros, e se você nos chutar todos para fora (do país), você não terá nada para assistir, exceto futebol e MMA, que não são arte", disse Meryl.

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O longo discurso tinha endereço certo: Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos. Meryl lembrou o episódio em que o futuro morador da Casa Branca fez piada publicamente com Serge Kovaleski, repórter do "New York Times", que é deficiente físico. riticou o presidente eleito por imitar uma jornalista com doença congênita. "Quando algo assim é feito por alguém poderoso, impacta a vida de todos, porque meio que dá a permissão para que outros façam a mesma coisa. Desrespeito convida desrespeito. Violência incita violência. Quando os poderosos usam sua posição para intimidar outros, todos nós perdemos.Isso partiu meu coração, e eu não consegui me recuperar porque não era um filme, era a vida real. Esse instinto de humilhar quando vem de alguém numa plataforma pública afeta de vida de todos", disse emocionada.

A atriz lembrou ainda da amiga Carrie Fisher, morta no fim de dezembro:"como minha amiga, a querida princesa Leia, disse para mim uma vez: Pegue seu coração partido, e faça dele arte.". A atriz também fez ecoar o comentário de Hugh Laurie, inglês premiado com a estatueta de melhor ator coadjuvante em série, minissérie ou telefilme, por "The night manager", que lembrou que o Globo de Ouro é concedido pela HFPA. Que, no caso, é a Associação de Correspondentes Estrangeiros em Hollywood, "parte de um dos segmentos mais vilipendiados da sociedade americana nesse momento". E falou que é dever da imprensa continuar cobrando responsabilidade dos poderosos, convidando seus colegas a proteger os jornalistas. "Vamos precisar deles nos próximos dias".

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A atriz citou, ainda, diversos de seus colegas indicados na noite, nascidos no Estados Unidos e em outros países. "Amy Adams nasceu em Vicenza, em Vêneto, na Itália. Natálie Portman nasceu em Jerusalem [em Israel]. Onde estão os certificados de nascença delas?", perguntou, em alusão aos pedidos de Trump para ver os documentos de Barack Obama.

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