Empresa que comanda as marcas M.Officer e Carlos Miele é condenada a pagar R$ 6 mi por trabalho escravo

Anneliese Pires
Anneliese Pires
Publicado em 06/11/2016 às 18:09
Em oficinas diferentes, fiscalização flagrou trabalho análogo ao de escravo na produção da M. Officer. Fotos: Daniel Santini
Em oficinas diferentes, fiscalização flagrou trabalho análogo ao de escravo na produção da M. Officer. Fotos: Daniel Santini

A empresa M5 Indústria e Comércio, dona das marcas M. Officer e Carlos Miele, foi condenada  a desembolsar R$ 6 milhões por trabalho escravo. A informação é da ONG Repórter Brasil. A juíza do Trabalho Adriana Prado Lima estabeleceu em primeira instância que a empresa pague R$ 4 milhões por danos morais coletivos e mais R$ 2 milhões por dumping social, ou seja, pela subtração de direitos trabalhistas para reduzir seus custos e obter vantagens sobre os concorrentes. O valor será destinado ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

A sentença, assinada em 21 de outubro, tem como base ação do Ministério Público do Trabalho de São Paulo. Os procuradores Christiane Vieira Nogueira, Tatiana Leal Bivar Simonetti e Tiago Cavalcanti Muniz argumentaram que peças da M. Officer eram produzidas por trabalhadores em moradias inadequadas e com jornadas exaustivas (que colocam em risco a saúde, a segurança e a vida), além de relacionarem o caso ao tráfico de pessoas. Ainda cabe recurso à decisão..

A juíza acatou a maior parte dos argumentos dos procuradores e descartou o principal argumento da defesa, de que não a empresa não seria responsável pela situação encontrada nas confecções. “Não é possível (…) deixar de responsabilizar as grandes empresas do final da cadeia produtiva pela manutenção deste sistema exploratório, que não pode ser tolerado, seja com relação a imigrantes, seja em relação a brasileiros,” escreveu a juíza. Leia a íntegra da decisão, clicando aqui.

A ação não se baseia somente em um caso de trabalho escravo, mas na situação verificada pelos procuradores em cinco diferentes oficinas nos anos de 2013 e 2014. No primeiro caso, em 13 de novembro de 2013, a fiscalização, feita em conjunto com o Ministério do Trabalho, encontrou dois costureiros bolivianos que produziam peças exclusivamente para a marca no Bom Retiro, região central de São Paulo. O casal de bolivianos informou trabalhar, diariamente, das 7h às 22h. O local, sem divisão entre moradia e trabalho, estava em péssimas condições de higiene e tinha grande risco de incêndio.

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