Tenho certeza: você já viu Léa Lucas por aí. Aos 87 anos, ela é reconhecida pela vitalidade e alegria. Não rejeita, em hipótese alguma, uma dança. A sua vida é, segundo gosta de dizer, um palco iluminado, como a canção de Sílvio Caldas. Modéstia à parte, ela se considera abençoada. "Sou muito feliz. Não sou rica de dinheiro, mas sou rica de espírito. Tenho muito amor no coração e adoro fazer amizade", explica.
Léa Lucas, aka Miss Vida
Nascida no Rio de Janeiro, em 1928, desde nova, sonhava em ser artista, não daquelas que cobra cachês exorbitantes, mas que conseguisse levar amor às pessoas. Traçando, aos poucos, o seu grande sonho, na pré-adolescência, fugiu da escola para cantar em programa na Rádio Nacional. "Participei de um concurso de canto. Quando a minha mãe ouviu, ela foi me buscar pelos cabelos. Desse dia em diante, não ia mais para o colégio só". Os pais, conservadores, ignoravam sua veia artística, "A minha mãe e o meu pai tinham uma visão muito negativa dessas pessoas", completou.
Mesmo viúva há 57 anos, ela se deixou embalar outras vezes pelo amor. Agora, aposentada, aproveita a vida de solteira. "Hoje eu estou livre e solta. Só quero saber mesmo de cantar, dançar e desfilar. Eu nasci para brilhar", brinca.
Com dois filhos, três netos e quatro bisnetos, para ela, a terceira idade é a melhor coisa para quem gosta de viver. "Nós não vemos mais as senhorinhas em casa, sozinhas, chorando pelos cantos. Elas, agora, saem para dançar, cantar, se divertir. Viver é isso".
Reconhecida cidadã pernambucana, na Assembleia Legislativa, em 2010, pela ex-deputada Terezinha Nunes, Léa é figura carimbada no Carnaval do Recife. Iluminou vários anos do Bloco das Ilusões, Bal Masquê, Galo da Madrugada e outros bailes carnavalescos.
Fotos: Dayvison Nunes/JC Imagem
