Ativistas refletem sobre o massacre em Orlando e a realidade da comunidade LGBT

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 16/06/2016 às 19:28
Foto: Reprodução
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No último domingo (12), de forma trágica, sonhos foram imortalizados na dancefloor da Pulse, boate gay de Orlando, na Flórida (EUA). Aos 29 anos, Omar Mateen alvejou mais de 100 vítimas, resultando em 50 mortos e 53 feridos gravemente. Dias antes, em um das suas cinco contas do Facebook, ele afirmou: "nos próximos dias, vocês vão ver ataques do Estado Islâmico nos Estados Unidos". Por intervenção ou não dessa instituição (o inquérito não foi concluído), o caso chocou o mundo e reconfigurou o sentimento de lutar pelo reconhecimento dos direitos da comunidade gay.

Sobre o ocorrido, o secretário Estadual LGBT Socialista do PSB de Pernambuco, Rafael Nicéas, aponta como uma das principais causas a falta de informação da população sobre a vida de um LGBT e os fundamentos religiosos. "A discussão de gênero e sexualidade não é mais uma maneira de politizar as pessoas e sim uma necessidade extrema e urgente de manutenção de vida", comentou o ativista que complementou: "As pessoas precisam entender que a questão de sexualidade e gênero do indivíduo não faz dele maior ou menor que ninguém".

Atentato à boate Pulse, em Orlando/Foto: Reuters/Reprodução Atentato à boate Pulse, em Orlando/Foto: Reuters/Reprodução

Em debate, a jornalista e integrante da Rede Sapatá e do Centro de Referência Municipal e Cidadania LGBT, Poliny Aguiar, aponta o machismo como precursor da não-aceitação do indivíduo. "O machismo não atinge apenas a identidade de gênero feminino, como foi o caso em Orlando", afirmou ela.

O atentado despertou na comunidade a reflexão sobre a impossibilidade de existir um amanhã. " Após o acontecimento, o sentimento foi o de revolta pacífica -  um sentimento que se dissocia do ódio para combater o ódio. Nós queremos mostrar, de maneira revoltante, o amor que nós temos pelos amigos, pelos namorados, pela família e por qualquer membro heteronormativo. A partir desse amor, é possível, sim, viver de forma igualitária", salientou Nicéas.

"Amar é um direito de todos"/Foto: Reprodução "Amar é um direito de todos"/Foto: Reprodução

"O mais importante da militância é garantir a discussão de gênero e sexualidade com a sociedade. Não é um capricho, é uma  necessidade que a população tem em entender sobre a manutenção da vida", completa Nicéas.

Na Rua dos Médicis, na Boa Vista, há o Centro Municipal de Referência em Cidadania LGBT, que luta diariamente para a inclusão do homossexual na sociedade. "O centro sentiu a necessidade ter um espaço que acolhesse esses tipos de demanda e um olhar  direcionado para essas diferenças", afirma o coordenador do Centro, Ricardo Omena.

O espaço funciona desde 29 de agosto de 2014, data da visibilidade lésbica, e oferece prestação de serviço psicológico, fornecimento de dados sobre violência e discriminação contra LGBT e divulgação de uma rede de informações acerca da cidadania.

Em solidariedade às vítimas de Orlando, haverá uma vigília no Marco Zero, bairro do Recife, a partir das 16h, nesta sexta-feira (18), agregando diversos militantes e defensores da causa.

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