Miss SP 2016, Sabrina de Paiva é negra e crespa

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 30/05/2016 às 11:31
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A nova Miss São Paulo, Sabrina de Paiva, é negra e de (assumido) cabelo crespo. Esse post começa assim por se tratar de um perfil incomum em concursos de misses no País, sobretudo no pódio. A paulista de 20 anos, estudante de publicidade, conquistou a coroa no sábado (28), como Miss Caconde, e agora vai disputar o principal concurso de beleza do País, o Miss Brasil. Na história da competição nacional, figura apenas uma negra no 1º lugar: Deise Nunes, que ganhou a faixa em 1986. É um dado que impressiona, visto que cerca de 53% da população brasileira declara-se negra ou parda, segundo dados do IBGE. Deise, em entrevista há dois anos, comentou achar estranho nenhuma outra negra ter sido alçada ao posto, 27 anos de seu ineditismo. "Em um país tão miscigenado, com tantas negras lindíssimas, é meio estranho... Torço para que não seja preconceito", disse.

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Em entrevista ao Ego, a nova Miss SP, Sabrina de Paiva, falou o seguinte: "Estar aqui é representatividade. Quero que as mulheres, as meninas, as crianças negras me vejam e tenham inspiração. Meu foco também é esse, mostrar que a cultura negra é linda, nosso nariz, nossa boca e nosso cabelo afro são maravilhosos. Meu sonho sempre foi representar a minha cultura, e hoje consegui". Nos comentários possíveis de se ler na internet, há tanto desprezo pelo concurso, considerado disseminador de padrões de beleza que oprimem, quanto comemoração por ter sido Sabrina a escolhida, quando não faltava candidatas que atendiam aos critérios plásticos a que estamos acostumados ver numa miss. Há também a leitura de que a vitória de Sabrina já seja reflexo das discussões em torno de padrões de beleza e representatividade impulsionadas nos últimos anos.

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