Titãs e o discurso contestador de "Nheengatu"

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 03/10/2015 às 13:07
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Grupo apresentou as primeiras canções mascarado (Fotos: Mari Frazão/Social1) Grupo apresentou as primeiras canções mascarado (Fotos: Mari Frazão/Social1)

Passava da 1h da madrugada deste sábado (3) quando o grupo Titãs subiu ao palco do Baile Perfumado para apresentar à capital pernambucana o seu mais recente trabalho, Nheengatu. O álbum, lançado em maio do ano passado, reafirma as três décadas de contundência da banda com canções ásperas, que metem o dedo nas feridas expostas do país. Não à toa, os integrantes do quinteto formado por Paulo Miklos, Branco Mello, Tony Bellotto, Sérgio Britto e Mário Fabre tocaram as primeiras músicas da apresentação mascarados, como no clipe de Fardado.

IMG_9583 Branco Mello

Com canções que abordam temas como manifestações políticas e violência doméstica, Nheengatu -inspirado na onda de protestos que arrastou o Brasil em 2013 - tem o peso de Cabeça Dinossauro - terceiro álbum de estúdio da banda, lançado em 1986 e que deixou de lado um período manso para assumir um estilo mais pesado. Por sinal, a capa do vinil, que ocupa a 19ª posição dos 100 melhores discos de música brasileira pela revista Rolling Stone, figurava entre o amontoado de pessoas grudadas ao palco, erguida por um fã. Mais tímidos que as letras de protesto, cantadas em uníssono pelo público recifense, adesivos nas guitarra de Miklos estampavam a insatisfação com a atual realidade brasileira, com as frases "Fora Cunha" e "Redução não é solução".

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A versatilidade e competência da banda - que alternava vocalistas e instrumentos com uma agilidade de fazer inveja a músicos bem mais jovens - refletiu-se também no repertório: entre os hits que acompanharam a trajetória do grupo, ecoaram na noite Sonífera Ilha, Flores, Polícia - com direito a "roda punk" -, Televisão, Comida, Marvin, O pulso e A melhor banda de todos os tempos da última semana. Já as faixas do último álbum, embora ainda não tenham atingido o status de clássicos, também prenderam a atenção do público, que não parou de cantar e pular ao som de República dos Bananas, Cadáver sobre cadáver, Terra à vista e Mensageiro da desgraça.

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