O cosmopolitismo estético de Luan Santana

Anneliese Pires
Anneliese Pires
Publicado em 14/06/2015 às 19:04
luan FOTO:

Por Thiago Soares

especial para o Social1

luan

Quem viu o show do cantor Luan Santana, sexta passada, no São João da Capital, na área externa do Chevrolet Hall, percebeu que pouco havia de “São João”, “forró”, “sertanejo” ou “regionalismo” no espetáculo. A turnê do álbum-DVD “Acústico” é uma forte guinada do artista em direção ao pop – movimento análogo, por exemplo, ao que a cantora Taylor Swift fez também em migrar do “country” de álbuns como “Fearless” para o pop de “1989”. Se o Luan Santana de “Meteoro da Paixão” ainda existe, numa certa ingenuidade das letras, do romance idealizado das canções, agora ele está acrescido de um performer maduro que se assemelha, no palco, a uma linhagem de artistas internacionais como Justin Timberlake e Bruno Mars.

Este movimento em direção a um senso estético global que a carreira de Luan Santana está tomando é o que o pesquisador israelense de música Motti Regev chama de “cosmopolitismo estético”, que seria uma negociação com as raízes culturais (no caso de Luan, sua matriz sertaneja do Centro-Oeste brasileiro) em direção a uma atenuação destas raízes em busca de uma estética mais urbana, pop, transnacional. Artistas de marcado acento local (pensemos na colombiana Shakira, por exemplo) vive nesta encruzilhada: lança álbuns híbridos, alguns em espanhol, outros em inglês, produções com texturas sonoras “latinas”, outras mais ligadas ao pop de produtores norte-americanos.

O que se viu no show de Luan Santana foi um espetáculo pop com forte textura retrô, colocando o sertanejo universitário brasileiro numa zona de diálogo com as matrizes hegemônicas da cultura pop. As novas narrativas amorosas de Luan Santana em faixas como “Cantada”, “Chuva de Arroz” e “Eu Não Merecia Isso” começam a apresentar o artista também para um público adulto – fazendo Luan sobreviver ao volátil mercado sertanejo. Se você perdeu o show, não perca o DVD. Luan tem potencial análogo a Justin Timberlake – que saiu de uma boyband (de farto público adolescente) para virar um importante artista da música adulta americana. É questão de tempo.

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