A importância do ensino bilíngue para as crianças

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 22/05/2015 às 13:26
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Nesta sexta-feira (22), a Eccoprime Bilingual School, está promovendo uma palestra sobre "Como pensam as crianças bilíngues". Com intuito de esclareces as dúvidas dos pais sobre metodologias adequadas e os ganhos do aprendizado de um segundo idioma, a doutora em psicologia e desenvolvimento cognitivo e professora da IBGM, Luciana Hodges, esteve à frente da palestra. O Social1 conversou um pouco com ela. Confira:

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S1: É essencial começar a aprender outro idioma desde pequeno? Com quantos anos deve começar essa iniciação?

Estudos na área de desenvolvimento humano mostram que existem fases em que o cérebro humano está mais receptivo para determinados tipos de aprendizagem. Chamamos esses períodos de Janelas de Oportunidade. No caso da linguagem, ela acontece na primeira infância, então vale à pena dar à criança oportunidades de aprender uma segunda língua quando ainda é pequena. Não é impossível aprender outro idioma depois disso, mas sem dúvidas, quanto mais cedo, melhor.

Como o bilinguismo pode ajudar a criança em sua fase de crescimento?

Além dos ganhos sociais e acadêmicos, há também os cognitivos. As crianças bilíngues tendem a transferir os conhecimentos linguísticos de uma língua para outra, o que acaba facilitando o processo de alfabetização. Também costumam ser mais conscientes do “outro”, entendendo mais cedo do que os monolíngues  que outras pessoas têm perspectivas diferentes das suas.

Na palestra, você explorou a metodologia para o ensino e também falou sobre o desenvolvimento cognitivo. Para quem não esteve presente, há algo que você explicar sobre esses assuntos? 

Abordamos a importância da criança aprender o segundo idioma numa perspectiva comunicativa. Memorizações de palavras e expressões, fora dos seus contextos de uso, até podem aumentar o vocabulário e a sensibilidade fonética da criança, mas não lhe garantirá fluência significativa. Em relação ao desenvolvimento há ganhos cognitivos para os bilíngues, especialmente nas chamadas funções executivas (que exigem planejamento, controle e regulação de pensamentos, sentimentos e ações) e na habilidade de resolução de problemas. Há estudos que apontam também ganhos a longo prazo. Há evidências, por exemplo, de que os bilíngues estão mais protegidos da deterioração das habilidades cognitivas na velhice.

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Uma das preocupações dos pais é de que a criança acabe ficando sobrecarregada entre atividades escolares e também um curso de línguas. Essa carga pode vir a atrapalhar? Há algum método para aliviar a rotina infantil e ao mesmo tempo ensinar?

É importante que a criança aprenda a língua da forma mais natural possível, vivenciando seus usos sociais, de maneira divertida e prazerosa para ela. Sempre aconselhamos aos pais que não se preocupem em ensinar em casa, nem em corrigir tudo, e não critiquem nem forcem o ritmo da criança. Apenas ofereçam situações em que, naturalmente, a criança seja exposta ao uso ou necessidade de usar a segunda língua. Percebemos que, na maioria das vezes, a criança gosta de aprender outro idioma. A sobrecarga pode estar muito mais atrelada à organização dos horários da criança ou às exigências e expectativas da família do que propriamente à aprendizagem de outro idioma.

Além dos cursos mais ofertados como inglês, francês, italiano, espanhol, alemão, o mercado está de olho em mais alguma outra língua?

Em virtude das demandas de mercado, o Mandarim vem ocupando um espaço crescente. Mas não é isso que deve ser levado em conta para os pais na tomada de decisão em relação a quais línguas devem expor seus filhos. Toda aprendizagem deve ser permeada de desejo. A criança deve também transparecer o desejo de aprender o idioma.  É desnecessária a exposição a diversas línguas só para facilitar a inserção, daqui a anos, no mercado de trabalho.  Os estudos na área já comprovaram que quem domina um segundo idioma tende a apropriar-se mais facilmente de outras línguas posteriormente. Nesse sentido, ser bilíngue, a principio, é suficiente. O importante mesmo, independente do idioma, é favorecer à criança uma experiência positiva com a aprendizagem de uma outra língua. Depois disso, o interesse em aprender outras surgirá naturalmente.

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