"Selma": uma luta do passado, mas que permanece atual

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 07/02/2015 às 18:05
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Fotos: Reprodução/Internet Fotos: Reprodução/Internet

Faltando poucos dias para a cerimônia do 87º Academy Awards, popularmente conhecido como Oscar, o Social1 preparou um especial com críticas de alguns dos indicados. O escolhido deste sábado (7) é o filme Selma: Uma Luta pela Igualdade, de Ava DuVernay.

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Ainda há muitas lutas a serem vencidas pelos homens, muitos paradigmas e preconceitos a serem quebrados. Singelos 50 anos separam o espectador da realidade exibida em Selma e, ao mesmo tempo em que nos perguntamos, incrédulos, como eram possíveis tamanhos absurdos em nossa História recente, basta uma folheada no jornal para ser lembrado da realidade do presente. Embora muitos ainda neguem, a brutalidade, agressão e desrespeito encenados no longa volta e meia ressurgem para aterrorizar a rotina não só de negros, mas de mulheres, gays, transsexuais, índios e outras tantas minorias. O discurso "I have a dream" (Eu tenho um sonho) do Dr. Martin Luther King Jr., em 1963, é uma oração silenciosa pronunciada intimamente até hoje. Neste aspecto, o filme não é apenas uma peça importante no quebra-cabeças das lutas pelos direitos civis: é um lembrete de que ainda há muitos passos a serem dados para conquistar a igualdade e a paz.

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O filme se inicia nos Estados Unidos, em 1964. Lyndon B. Johnson (Tom Wilkinson), vice de John F. Kennedy, assumira o comando do país após o assassinato de JFK em 1963. Embora o presidente já houvesse assinado a lei que acabava com a segregação racial nos Estados Unidos, no Sul do país essa legislação ainda não saíra do papel. Vencedor do Prêmio Nobel da Paz por suas conquistas no movimento pelos direitos civis, Martin Luther King (David Oyelowoda) já tem seu próximo objetivo em mente: acabar com os entraves, reais ou inventados, que impedem que cidadãos afro-americanos se registrem para votar. Esta meta, porém, depende da boa vontade de Johnson, que parece mais interessado em seu projeto de "Guerra à Pobreza" do que em garantir o direito de voto aos negros – sem perceber, aparentemente, que as duas ações estariam intimamente ligadas e que, para promover o bem estar de todos os cidadãos americanos, seria necessário primeiramente garantir uma real igualdade de direitos.

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Como forma de pressionar o presidente a priorizar a questão do voto igualitário, em 1965 King decide organizar uma marcha da cidade de Selma – agitada por conflitos raciais e com um xerife preconceituoso e violento – até Montgomery, capital do Alabama – um dos estados mais pobres dos Estados Unidos e governado pelo abertamente segregacionista George Wallace (Tim Roth). O filme narra os bastidores dessa marcha de cerca de 80 quilômetros, ressaltando o papel de liderança de King em uma película altamente politizada mas extremamente humana, onde os personagens questionam constantemente suas próprias fraquezas e limitações.

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Apesar de concorrer à estatueta de Melhor Filme, Selma só foi indicado ao Oscar em mais uma categoria: Melhor Canção (Glory, de John Stephens e Lonnie Lynn).

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Curiosidades:

Annie Lee Cooper, a personagem interpretada por Oprah Winfrey e que aparece tentando, sem sucesso, se registrar como eleitora no estado do Alabama, foi uma ativista dos direitos civis que ficou famosa por acertar um soco na cara do xerife de Selma, Jim Clark. Ela viveu até os cem anos.

As principais críticas sobre a veracidade histórica do filme foram referentes ao relacionamento entre Martin Luther King e o presidente Johnson. Joseph Califano, que trabalhou como assessor do ex-presidente, acusou os produtores do filme de "encher a tela de inverdades, sem qualquer responsabilidade para com os mortos, só porque acharam que isso daria uma história melhor". No filme, o presidente Lyndon B. Johnson é retratado como um político não muito interessado na causa dos direitos civis, apesar de haver assinado a lei que acabava com a segregação racial nos Estados Unidos. Em resposta, Ava DuVerney declarou: "O filme não é um documentário. Não sou historiadora. Sou uma contadora de histórias."

O ator Tim Roth, que já deu vida a diversos vilões no cinema, viveu sua infância na década de 1960 e diz se lembrar do governador e posteriormente candidato a presidente George Wallace, interpretado por ele em Selma. Roth declarou que ficava "abismado com as coisas que saíam da boca dele" e que "enxergava Wallace como um monstro."

Veja o trailer:

https://www.youtube.com/watch?v=5DTWvCuS6-s

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