"Boyhood": delicadeza e originalidade criam produção espetacular

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 05/02/2015 às 16:07
Fotos: Divulgação
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Faltando poucos dias para a cerimônia do 87º Academy Awards, popularmente conhecido como Oscar, o Social1 preparou um especial com críticas de alguns dos indicados. O escolhido desta quinta (5) é o filme Boyhood: Da Infância à Juventude, de Richard Linklater.

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À primeira vista, não há nada de extraordinário em Boyhood, mas é a delicadeza exposta durante os 166 minutos de longa que transformam o enredo singelo em uma produção espetacular. Linklater, que em um intervalo de 18 anos revisitou duas vezes seu maior sucesso, o romance Antes do Amanhecer, com Ethan Hawke e Julie Delpy, conduziu Boyhood impulsionado pelo mesmo combustível: o tempo. Enquanto Antes do Amanhecer (1995), Antes do pôr-do-sol (2004) e Antes da Meia-Noite (2013) acompanham com simplicidade o amadurecimento de um casal que se conhece durante uma viagem na Europa, Boyhood narra a transição de Mason (Ellar Coltrane) de menino a jovem universitário, enquanto enfrenta os relacionamentos tumultuados da mãe, a presença intermitente do pai e as mudanças próprias do crescimento. Projeto inédito na história do cinema, o longa foi filmado durante 12 anos, acompanhando o desenvolvimento não apenas dos personagens, mas também do elenco.

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No livro "Paixão Crônica", de Martha Medeiros, ela descreve O diabo que te carregue!, de Stella Florence: "Melhor que se preocupar com um 'happy end' ou com um 'unhappy end' é desejar que tudo tenha uma continuidade [...]. É uma caminhada cheia de contratempos até descobrir com alívio, lá no fim, que não há fim, a vida segue". A crítica da escritora gaúcha relata exatamente o sentimento do espectador ao ver a obra de Linklater: uma narrativa suave, com momentos climáticos que, em produções normais, seriam marcos bem claros entre diferentes etapas, mas que, em Boyhood, são mesclados à narrativa com naturalidade, como os altos e baixos da própria vida.

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Forte concorrente ao Oscar de Melhor Filme, Boyhood está na disputa em mais cinco categorias: Melhor Diretor (Richard Linklater), Melhor Ator Coadjuvante (Ethan Hawke), Melhor Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette), Melhor Roteiro Original (Richard Linklater) e Melhor Edição (Sandra Adair).

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Curiosidades:

Samantha, a irmã de Mason no filme, é filha de Richard Linklater, que a selecionou porque ela estava sempre cantando e dançando ao redor da casa e queria estar em seus filmes. Por volta do terceiro ou quarto ano de filmagens, ela perdeu o interesse e pediu para sua personagem ser morta. O diretor se recusou, dizendo que era violento demais para o que ele estava planejando. A atriz recuperou o entusiamo e continuou com o projeto.

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As filmagens começaram no verão de 2002. O elenco se encontrou uma vez ao ano, durante 12 anos, para gravar o filme.

O roteiro foi escrito de forma singular: Linklater preparou com antecedência apenas os pontos principais do desenvolvimento de cada personagem e o final do filme – inclusive a última cena. O script definitivo, no entanto, foi escrito ao longo dos anos com a participação do elenco principal: a equipe assistia novamente às cenas gravadas nos anos anteriores, incorporava aos personagens as mudanças refletidas em cada ator, suas mais recentes experiências e as novidades do ano, e o roteiro era redigido, muitas vezes, na véspera de rodar cada cena.

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Caso Richard Linklater viesse a falecer durante os 12 anos de filmagem, Ethan Hawke, amigo pessoal do diretor, assumiria suas funções.

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