Qual é o segredo de uma boa ideia?

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 19/12/2014 às 22:03
Foto: Divulgação
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Atualizado às 14h15:

Aos 21 anos, em 1986, Ricardo Bellino - hoje com 49 - convenceu John Casablancas a trazer a Elite ao Brasil. Ele não falava inglês nem tinha intimidade com o universo da moda. Como presidente da agência de modelos, aliás, Bellino, viu Gisele Bündchen nascer para a moda, em 1993. Um ano depois ele trouxe ao Brasil a camiseta alusiva à prevenção do câncer de mama, sucesso de mobilização. Já nos anos 2000 convenceu o megaempresário norteamericano Donald Trump a investir, pela primeira vez, fora do Brasil, quando montaram sociedade num complexo imobiliário de alto luxo.

Conhecido pelas ideias "fora da caixa", Bellino - que nunca concluiu um curso superior, tendo aprendido "na escola da vida", como fala - participa neste sábado (20) do Fórum de Jovens Líderes e Alta Performance, no JCPM (antes seria no Mar Hotel). A palestra dele poderá ser acompanhada em tempo real pelo link https://m.ustream.tv/channel/jovemlider, às 15h, e busca alcançar recorde de maior seminário online. O Social1 conversou com ele sobre boas ideias e empreendedorismo. Acompanhe:

Foto: Divulgação Roberto Bellino é carioca e mora em Miami/Foto: Divulgação

Como surgem as boas ideias?

As ideias, acredito, nascem da observação e da sensibilidade de observar as coisas com uma visão um pouco além do óbvio. Todas as ideias que eu tive estavam impressas na revista, no jornal, ou era uma necessidade de mercado. Não tem uma fórmula, elas estão dispostas, expostas e disponíveis para qualquer pessoa. É a leitura daquelas oportunidades, seja propriamente dita, como a leitura de uma notícia, ou na sua percepção de um mercado que carece de algo. Como foi na Elite: por observar, no rompimento do contrato de uma grande modelo, a Luiza Brunet, que saiu da Dijon e não havia agência que atendesse a seus interesses. Percebi que, se não tinha uma agência para atender a número 1 daquele momento, havia a oportunidade. Com o defeito que eu tenho, de pensar sempre grande, foi a Elite, a maior agência do mundo, que passou a cuidar das modelos mais importantes do Brasil.

Além de pensar "fora da caixa", suas ideias têm obstáculos - como foi na Elite, uma vez que você sequer falava inglês nem entendia de moda, e com Donald Trump, que lhe deu somente três minutos para falar. Qual a receita para superar essas dificuldades?

Toda ideia nasce com uma enorme probabilidade de fracasso. Pode falhar por incapacidade do operador da ideia, de não ter a convicção necessária, ou capacidade, ou perseverança. Então, o que faz a grande diferença é a pessoa que está atrás dessa ideia. É você assumir o risco que a ideia pode dar certo ou dar errado. Mas acho que essa coragem, a capacidade de acreditar quase no impossível, de assumir que vai aprender no processo - errando, inclusive - faz você ganhar a capacidade de que você pode enfrentar um John Casablancas [da Elite], sem ter nenhuma experiência e, mesmo assim, não se sentir menos capaz, menos importante, e poder discutir uma possibilidade de igual para igual. Como foi com o Donald Trump ou qualquer outro que faça parte dos meu projetos.

Bellino em encontro com o presidente dos EUA, Barack Obama/Foto: reprodução internet Bellino em encontro com o presidente dos EUA, Barack Obama/Foto: reprodução internet

Você se diz "evangelizador da realização pessoal" e hoje se fala muito em empreender, valorizar o talento e ter ideias inovadoras. Você tem orientado pessoas nesse sentido?

Episodicamente vinha desenvolvendo atividades, como palestras e conferências, a convite de organizações educacionais, no Brasil ou fora, escrevendo artigos e livros... Isso foi compondo minha biografia, por conta dessas histórias minhas, que pareciam loucura, quase mentiras, e que tinham tudo para dar errado. A maioria dos meu amigos e parentes tentaram me demover muitas vezes a não continuar... Tenho tido oportunidade de compartilhar, de dizer que podem parecer grandes feitos, ou extraordinários, mas que são observações muito simples, mas com coragem, paixão, determinação e perseverança muito grandes. Percebo nesses encontros, principalmente com os jovens que estão ansiosos e ávidos por encontrar o caminho e a vocação, que esse meu estilo acaba inspirando, sensibilizando as pessoas a resgatarem o sonho; acreditar que ela pode, sim, sonhar, que ela pode sonhar grande e que, se ela cair, vai entender que não é o fim, mas que é parte do processo de empreender.

Todo mundo pode ser empreendedor ou é uma habilidade?

Tem uma questão que tem de ser colocada: as pessoas confundem empreendedor com montador de negócio. Você pode ser empreendedor num ambiente corporativo e atuar numa companhia como sócio tendo responsabilidade de acionista, mesmo não sendo. Essas pessoas constróem uma carreira de sucesso e asseguram estabilidade. Não há estabilidade sem resultado; e resultado vem de comprometimento que a pessoa tem com o projeto, seja seu ou de um terceiro que está pagando seu salário no fim do mês. Há uma diferença: tem o intraempreededor, que é empreendedor no ambiente de trabalho, e o empreendedor que promove um negócio novo, do zero.

A questão do talento existe, óbvio. Existe pessoas que têm talento para quetões relacionadas ao relacionamento com as pessoas, pois o empreendedor não faz nada sozinho, ele precisa evangelizar, sim, os seus parceiros, colaboradores, para que as pessoas realmente se comprometam com aquela visão. Você acha que seria possivel Steve Jobs construir o império que construiu sozinho? Ele era evangelizador, tinha paixão, determinação, carisma, e conseguiu reunir milhares de pessoas, que fazem fila para comprar o produto ou que ajudara, na construção do negócio. Talento exise e você pode, sim, potencializar, se você tiver capacidade de enxergar e se desprender e aceitar que você tem de olhar as coisas de uma ótica diferente.

Assista à conversa:

https://www.youtube.com/watch?v=1ySXjGfTU50

https://www.youtube.com/watch?v=Bus_0hMR8bI

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