O fotógrafo carioca Jorge Bispo é um dos retratistas mais importantes do Brasil. Autor do projeto "302", para o qual mais de cem mulheres posaram nuas diante de suas lentes, ele também fotografou capas para revistas como Trip, Vip, Sexy. Para comemorar o Dia Mundial da Fotografia, Bispo conversou com o Social1 e falou um pouco sobre o "302" e algumas de suas técnicas durante a produção fotográfica.
Jorge Bispo. Foto: Reprodução/Facebook
Jorge, você costuma fotografar pessoas famosas. É difícil retratá-las de forma tão íntima?
Famosas ou não, um retrato íntimo é sempre algo complexo. É necessário que o retratado se sinta seguro e confie no fotógrafo. Um pouco de lábia também é bem-vindo.
Durante a produção de fotografias, você preza suscitar a pessoa ou o personagem?
Eu tento sempre provocar a pessoa. Mas esse tema é o mais complexo de um retrato. Ser humano é muito complexo? Quem sabe e determina onde começa e termina a pessoa e começa um personagem?
Costumamos ver capas de revistas que retratam mulheres e homens com peles perfeitas, quase de boneca. Você acha que o Photoshop é uma ferramenta essencial para o retrato?
Não é essencial. Nem de longe. É uma ferramenta apenas. Tem gosto pra tudo e diversas estéticas. Não é a minha praia, mas reconheço como uma ferramenta útil.
Qual é a maior dificuldade em fotografar pessoas?
Fazer ela acreditar e confiar no meu senso estético. Fazer ela entender que a beleza de uma imagem pode ser mais importante (pra ela mesma) do que a beleza física dela.
Entre as fotos que você já fez, existe alguma especial?
Difícil apontar uma imagem. Tenho várias fotos de que gosto e isso pode mudar de ano em ano...
Existe algum tipo de contato pré-foto que te ajude a captar a essência do fotografado e produzir a sessão?
No meu trabalho isso é raro. Claro que existem artistas, pessoas que já fotografei dezenas de vezes, mas normalmente sempre no momento da foto os encontros acontecem.
Em relação ao "302", como surgiu o projeto?
De forma natural. Sempre fotografei em casa, alguns amigos, amigas, artistas... E vários nus. O 302 nasceu quando resolvi organizar os nus e percebi que existia ali uma estética e proposta única.
Qual era a reação das mulheres ao receber o convite para posar nua?
No caso do 302, as primeiras foram amigas e depois disso não houveram convites. Elas que se inscreviam.
As mulheres te procuravam para fazer parte da série? Como funcionou a seleção?
Exato. Elas se candidatavam atráves do Facebook e de um e-mail que criei para o projeto. E a escolha foi unicamente feita por ajuste de agendas. Não houve um casting ou veto. Bastava ser maior de idade
O que você costumava fazer para deixá-las à vontade diante da câmera?
Tento conversar, perguntar se quer beber algo. Deixar à vontade. Não tem nada de tão especial.
Qual é a contribuição de plataformas de fotografia, como o Instagram, para o trabalho de um fotógrafo?
Pra mim serve como divulgação apenas. Uma maneira de divulgar meu dia a dia. Mas adoro tudo que populariza a fotografia. Não sou do time que reclama dos "não fotógrafos". Eu os apoio!