Morre Ariano Suassuna

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 23/07/2014 às 18:05
Ariano-Suassuna FOTO:

Atualizado às 18h17.

Nascido em João Pessoa, Paraíba, em 16 de junho de 1927, Ariano Suassuna era advogado, professor, teatrólogo e romancista. O escritor morreu na tarde desta quarta-feira (23) em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral ocorrido na última segunda-feira, desde então ele estava internado no Real Hospital Português. Membro da Academia Brasileira de Letras, suas primeiras produções foram publicadas nos suplementos literários dos jornais do Recife, quando ele fazia os estudos pré-universitários no Colégio Osvaldo Cruz.

Após formar-se pela Faculdade de Direito pela Faculdade de Direito do Recife, em 1950, passou a se dedicar também à advocacia. Em 1951, retornou a Taperoá, onde escreveu e montou a peça Torturas de um coração. No ano seguinte, voltou a residir em Recife. Em 1956, abandonou a advocacia para tornar-se professor de Estética na Universidade Federal de Pernambuco. Em 1970, iniciou no Recife o Movimento Armorial, voltado para a expressão dos movimentos populares tradicionais.

De sua vasta bibliografia, é importante registrar Auto da Compadecida, de 1955 e publicada em 1957, que está traduzida para diversas línguas; e o romance A Pedra do Reino (1971), recentemente republicado com revisão do autor.

Ariano em sua última aula espetáculo na sexta-feira (18) no Festival de Inverno de Garanhuns Ariano em sua última aula espetáculo na sexta-feira (18) no Festival de Inverno de Garanhuns

Aqui morava um rei

"Aqui morava um rei quando eu menino

Vestia ouro e castanho no gibão,

Pedra da Sorte sobre meu Destino,

Pulsava junto ao meu, seu coração.

Para mim, o seu cantar era Divino,

Quando ao som da viola e do bordão,

Cantava com voz rouca, o Desatino,

O Sangue, o riso e as mortes do Sertão.

Mas mataram meu pai. Desde esse dia

Eu me vi, como cego sem meu guia

Que se foi para o Sol, transfigurado.

Sua efígie me queima. Eu sou a presa.

Ele, a brasa que impele ao Fogo acesa

Espada de Ouro em pasto ensanguentado."

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