Ariano Suassuna, as cortinas nunca se fecharão!

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 23/07/2014 às 18:42
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Escritor, dramaturgo, romancista, poeta, advogado e tantos outros títulos poderiam descrever o multiculturalista brasileiro Ariano Suassuna. Natural de Nossa Senhora das Neves, na Paraíba, onde hoje se localiza João Pessoa, Ariano nasceu com uma veia poética e literária. Desde criança, era um menino apaixonado por livros, como descrevem Adriana Victor e Juliana Lins na obra “Ariano Suassuna – um perfil bibliográfico”: “Os alunos podiam pegar os livros que quisessem na biblioteca. O menino Ariano pegava muitos e lia todos, a começar pelos de aventura. Aproveitava cada intervalo de aula para se embrenhar mais e mais na literatura. Certa vez, chegou a ser repreendido por passar tempo demais com os livros”.

O tempo dedicado à leitura fez de Ariano um escritor renomado, com contos e livros adaptadas para o cinema e televisão, como “O auto da Compadecida” – adaptado para a TV em 1999 e com versão para as telonas em 2000 – ou "Romance d'a pedra do reino" e "O príncipe do sangue do vai-e-volta" - que deram origem à minissérie “A pedra do Reino”, em 2007.

Até os 87 anos, Ariano era um homem ativo, que segurava cada minuto de saúde e os transformava em um punhado de ensinamentos, e que não deixou definhar o dom que o acompanhou em vida. Em janeiro deste ano, após ser considerado o maior escritor da história de Pernambuco pela bailarina recifense Bella Maia (no programa Big Brother Brasil, da Rede Globo), ele defendeu: “nasci na Paraíba, mas eu pertenço à história cultural de Pernambuco também”. Em dezembro do ano passado, quase quatro meses após ter sofrido um ataque cardíaco seguido de um aneurisma cerebral e ainda debilitado, Ariano encontrou forças para apresentar uma aula-espetáculo no Centro de Convenções, em Olinda. Desde então, esteve presente no Galo da Madrugada – que homenageou o autor no carnaval deste ano – e chegou a revelar que estava trabalhando na obra “O jumento sedutor”, que vinha sendo escrita há mais de três décadas.

Ao longo de sua vida, o autor foi tema dos desfiles de duas escolas de samba: Império Serrano, durante o carnaval carioca de 2002, e Mancha Verde, no carnaval paulista de 2008. Era constantemente lembrado por frases como “Não troco o meu 'oxente' pelo 'ok' de ninguém!”, atribuída a ele por internautas brasileiros; e ocupava as cadeiras 32, na Academia Brasileira de Letras, e 18, na Academia Pernambucana de Letras.

Ariano nos presenteou com a riqueza de sua obra e deixou para a posteridade um exemplo de escritor, dramaturgo, romancista, poeta, advogado e ser humano.

Foto: Diego Nigro/JC Imagem Foto: Diego Nigro/JC Imagem

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