No ateliê de Roberto Ploeg

AUTORRETRATO Ploeg gosta de se retratar em seus quadros (Fotos: Dayvison Nunes/JC Imagem)

De prosa fácil e espírito manso, o artista plástico holandês Roberto Ploeg é o que podemos chamar de um típico pacato cidadão. Morando no Brasil há 30 anos, Ploeg consegue dividir seu tempo - entre uma pincelada e outra - com o cuidado das plantas e bichos do Sítio Coco Verde, onde mora em Olinda, e o comando de um trabalho social que desenvolve ao lado da esposa, Eliane Rodrigues, em várias comunidades recifenses. Essa opção pelos mais necessitados, que por sinal é um tema bastante recorrente em seus quadros, foi despertada ainda na juventude, através do contato com o arcebispo D. Hélder Câmara, ainda em seu país de origem. "Conheci D. Hélder em 1979, na Holanda. Embora não fosse seminarista, mas um mero estudante de teologia, aceitei seu convite para conhecer mais de perto as atividades das Comunidades Eclesiais de Base (CEB) e todo aquele movimento que agitava a Igreja Católica daquela época, conhecido como Teologia da Libertação", disse quando perguntado sobre seu primeiro contato com a nossa terra.

DIA A DIA O artista mantém uma rotina tranquila que envolve atividades domésticas e de responsabilidade social

Sexto filho de uma família holandesa numerosa de oito irmãos, Roberto veio, depois de formado, morar sozinho no Brasil em 1982. Nesse mesmo período, conheceu sua companheira, Eliane, com quem se casou um ano depois. "Estamos casados desde 83. Constituímos uma família linda, de três filhos - Lucas, Suzana e Jonas - e de mais 30 afilhados", comentou.

ORGULHOSO Ploeg falou da família com bastante entusiasmo

A vocação para arte, segundo ele, vem da infância. "Desde pequeno sou pintor, apenas não pintava. Lembro que desenhei a vida toda. Mas só a partir de 88, quando fixei residência aqui [em Olinda], comecei levar a pintura mais a sério. Na verdade, minha verve artística amadureceu com o convívio dos artistas olindenses e os cursos maravilhosos que fiz nesse tempo", frisou. Em 1995, Roberto assumiu profissionalmente o que era hobby e, desde então, já realizou várias exposições de sucesso.

ATELIÊ Dessa pequena sala de seu sítio sai suas maiores obras

Leitor assíduo do Jornal do Commercio - que é em suas palavras "um pãozinho fresco que sai do forno para seus desjejuns" - e telespectador cativo de filmes e documentários, Ploeg extrai dos fatos que lê/assiste cotidianamente a matéria-prima de suas telas. "Não começo meu dia sem ler o JC. Terminada a leitura, venho pro meu ateliê por volta das 8h e 8h30, e dou início ao meu trabalho. Fico pintando até o meio-dia. Aí, dou uma pausa para almoçar com minha família e cochilar um pouco. Retorno às 14h e sigo até quando a luz do sol me permite", contou. Como bom retratista, o artista nos revelou, muito embora estivesse finalizando um quadro de encomenda de uma das árvores do seu sítio, que prefere pintar pessoas. "A primeira paisagem para mim é a figura humana. Arte boa é aquela que revela a alma da pessoa e comunica o que ela tem de mais íntimo", sentenciou.

PREDILEÇÃO Roberto prefere retratar pessoas em seus quadros

Em relação aos projetos futuros, Ploeg está trabalhando numa exposição que pretende mostrar ao público no começo de 2014. "Tenho 12 quadros já prontos. Intitulada de Pretextos, quero mostrar várias imagens contemporâneas sob a perspectiva bíblica", adiantou o artista que só trabalha ouvindo música. Entre seus CD's, é possível encontrar desde o Réquiem de Mozart a Reginaldo Rossi. "Gosto dessa mistura", contou.

PRETEXTOS O pintor nos mostrou dois, dos 12, quadros prontos da nova coleção: Torre de Babel e Caim e Abel

SOM Uma boa música sempre acompanha Ploeg na feitura de seus quadros

CD'S O artista tem um gosto musical variado

Hospitaleiro que só ele, o pintor nos mostrou sua coleção de livros de arte, filosofia e teologia, e, claro, cada cantinho de sua aprazível casa. "Costumo receber muita gente nos finais de semana. Os almoços e festas aqui são sempre muito animados", disse. Confira na galeria mais cliques da residência de Ploeg, que é, sem dúvidas, um dos nossos maiores artistas da pintura contemporânea.